Neste sentido, “Uma Batalha Após a Outra” é o trabalho mais pop, acessível e complexo da carreira de Paul Thomas Anderson. Adaptação livre de “Vineland”, escrito por Thomas Pynchon em 1990, o filme aborda com senso de humor ácido e um certo lirismo temas como imigração, racismo, supremacia branca, xenofobia e a queda do sistema por ações revolucionárias – emoldurando o que é, em seu cerne, a história de um pai em busca de sua filha desaparecida.
É o papel que cabe a Leonardo DiCaprio. Como Ghetto Pat, ele foi parte de uma célula revolucionária, a French 75, que promovia ações violentas para a libertação de imigrantes e a destruição de símbolos de poder capitalistas. Neste caos, ele se apaixona por uma colega, a irascível Perfidia Beverly Hills (Teyana Taylor). Eles têm uma filha e testemunham o esfarelamento do grupo quando um militar linha dura, Steven Lockjaw (Sean Penn), aperta o cerco, captura Perfidia e força os ativistas remanescentes ao exílio.
Corta para dezesseis anos depois. Pat, agora sob a identidade Bob Ferguson, vive desligado do sistema (não tem telefone celular ou cartões de crédito), chapado e em estado de constante paranoia. Em um mundo hiperconectado, ele busca manter a segurança da filha agora adolescente, Willa (a espetacular estreante Chase Infiniti), em vigilância constante, temeroso que seu passado de ativista – somado a uma cartela infinita de crimes – ressurja para acertas as contas.
Ser paranoico, claro, não significa que ninguém esteja atrás de você. É o que Bob descobre da pior forma quando Lockjaw, que tem seus próprios pecados para apagar, aciona o aparato público a seu favor para encontrar pai e filha. As células dormentes do French 75 são reativadas, Bob e Willa são separados e a crise se transforma em ação militar pesada em Batkan Cross, cidade-santuário que abriga imigrantes e ativistas (Benicio Del Toro entre eles), culminando em um confronto tanto ideológico quanto dolorosamente real.

Fonte: UOL