Bastou Donald Trump publicar um breve “Leave Bolsonaro alone!” para que o consórcio político-midiático da extrema esquerda brasileira entrasse em estado de prontidão. O descondenado-em-chefe, Gleisi Hoffmann e os demais próceres do regime acusaram o golpe com uma pressa digna de prontuário psiquiátrico. Sob o pretexto de defender a “soberania nacional”, acusaram o presidente norte-americano de interferência nos assuntos internos do Brasil.
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Embora pomposo, o argumento é mais uma pantomima dos nossos nacionalistas de araque. O lulopetismo nunca demonstrou pudor em aceitar ingerência externa quando isso serviu aos seus interesses. Durante as eleições de 2022, hoje sabemos, o descondenado recebeu apoio explícito do governo Biden, com direito a pressões diplomáticas e articulações subterrâneas em favor de sua candidatura. Os detalhes da operação norte-americana — que incluiu ameaças e chantagens contra o generalato brasileiro, para que consentisse com uma eleição conduzida de maneira obscura e enviesada contra Bolsonaro — não saíram em nenhum veículo “bolsonarista”, mas em reportagem de Natuza Nery para o g1, portal antibolsonarista por excelência. Na ocasião, o apoio norte-americano (ou “estadunidense”, como gostam de dizer os comunistas tupiniquins) foi recebido com gratidão silenciosa, sem discursos sobre independência institucional. Foi o imperialismo do bem.

Trump virou porta-voz dos brasileiros
Da mesma forma, o atual governo mantém uma relação entusiástica com o Partido Comunista Chinês. Não há resistência ideológica nem cautela diplomática diante do avanço neocolonial chinês no país. O mandatário brasileiro, seus ministros e empresários aliados celebram acordos, empréstimos e investimentos com um regime que despreza liberdades civis, direitos humanos e soberania alheia. O nacionalismo lulopetista tem endereço certo: vale apenas contra adversários ideológicos.
Na coluna intitulada “Soberania Nacional Adulterada”, de outubro de 2024, eu já havia descrito a farsa montada em torno dessa soberania postiça. Mostrei que a soberania dessa turma não pertence ao povo, mas a uma elite política que exerce um poder absoluto, à margem da lei e escorado cinicamente na defesa do interesse nacional. No centro desse arranjo encontra-se Alexandre de Moraes, uma figura que hoje desempenha o papel de Andrey Vyshinsky na União Soviética stalinista: o de promotor ideológico da ordem estabelecida. Como Vyshinsky, Moraes não atua em nome do Direito, mas da estabilidade do regime. Justifica censuras, prisões, perseguições e a criação de inquéritos intermináveis sob a retórica da “defesa institucional”.
Soberania made in China
Portanto, o desagravo apressado e quase reverencial que lhe dedicaram os petistas não tem como motivação a preocupação com princípios jurídicos. Trata-se de proteger o principal operador da repressão seletiva que sustenta o atual arranjo de poder. É Moraes, afinal de contas, quem blinda os aliados, persegue os inimigos e garante que a narrativa do regime permaneça intacta, custe o que custar.
Não é à toa que, segundo pesquisa AtlasIntel, quase 43% dos brasileiros já enxergam o Judiciário como a principal ameaça à democracia. Trump apenas vocalizou o que essa fatia expressiva da população já sabe. A reação do lulopetismo, nesse contexto, não foi expressão de patriotismo. Foi reflexo condicionado de quem se sabe vulnerável, e depende da toga companheira para se manter de pé. A soberania nacional made in China é o escudo dos tiranos impopulares contra a soberania popular, que o Brasil quer reaver, e o regime quer impedir a todo custo.


Fonte: Revista Oeste