TODOS OS LADOS DE “FATHER FIGURE”

Se tem uma faixa que chamou atenção no novo álbum de Taylor Swift, The Life of a Showgirl (veja os detalhes do lançamento AQUI) foi “Father Figure”. A música é uma interpolação do clássico lançado por George Michael em 1987 — e está entre os assuntos mais comentados desde que o disco chegou às plataformas nesta sexta-feira.

O que é interpolação?

Antes de tudo, vale explicar: interpolação não é um sample (quando se usa o áudio original). É quando o artista regrava ou reinsere trechos de melodia ou letra de outra canção dentro de uma nova obra. Por isso, a composição precisa trazer os créditos do autor original. No caso de Taylor, George Michael aparece oficialmente como coautor da nova faixa.

A ressurreição da faixa

Antes mesmo de Taylor Swift trazer sua interpretação do clássico de Michael, vale lembrar que a canção já havia retornado ao radar cultural e despertado a atenção de novas gerações muito em função do cinema. “Father Figure”, de George Michael, teve um ressurgimento em popularidade depois de aparecer em uma cena do thriller erótico Babygirl (2024). Veja o trailer.

 

Oembed content:https://youtu.be/-8Sx6U6Ou0Q?si=yl-5u4_26IQ5VQVP

 

Em Babygirl, Nicole Kidman estrela como Romy, uma mulher mais madura que explora sua sexualidade ao ter um caso com seu estagiário significativamente mais novo, Samuel (interpretado por Harris Dickinson). “Father Figure” toca durante uma cena emblemática do filme: Samuel dança de topless em um quarto de hotel para impressionar Romy, que fica sentada assistindo enquanto ele se apresenta.

A diretora de Babygirl explicou à Entertainment Weekly que era essencial para ela que o filme apresentasse a música de George Michael nessa cena para enfatizar a complexa dinâmica de poder entre Romy e seu namorado mais jovem.

Esse uso mostra como o título e o próprio enfoque da canção de Michael foram reutilizados ou contextualizados sob um olhar feminino, reforçando a inversão de papéis e poder — exatamente o tipo de reflexão que ajudou a reintroduzir “Father Figure” no imaginário das novas gerações.

Do romantismo ao poder

Na versão original de George Michael, a expressão “I will be your father figure” era um gesto de cuidado e devoção. O cantor falava de amor, proteção e até usava imagens sagradas e espirituais para reforçar a entrega: “serei seu pregador, professor, até o fim do tempo”. Recorde abaixo:

 

Oembed content:https://youtu.be/m_9hfHvQSNo?si=R9QOn5ZT7-rQg1ip

 

Já em Taylor Swift, a mesma frase é repetida, mas em outro tom. Em vez de falar em carinho e fé, a narrativa assume a voz de um “mentor” poderoso e controlador. Ele paga contas em restaurantes chiques, fala de negócios, cobra lealdade e se apresenta como aquele que “protege a família”. O clima de romance dá lugar a uma crítica afiada ao paternalismo e à lógica de poder financeiro. Veja abaixo.

 

Oembed content:https://youtu.be/b3hW8c9mmLQ?si=bdmZ_oaFirIZQanY

 

Por que isso importa

O detalhe interessante é que, ao manter o refrão original, Swift cria uma ponte imediata com a memória afetiva do público. Quem conhece a música de George Michael reconhece a frase na hora — e percebe o choque quando o sentido muda completamente. Essa é a força da interpolação: transformar algo já conhecido em um novo comentário, sem deixar de reconhecer sua origem.

Repercussão

De um lado, muitos enxergam a faixa como um tributo corajoso, que atualiza a metáfora de George Michael para um olhar contemporâneo sobre relações de poder. De outro, há quem considere a releitura arriscada, por mexer em um dos clássicos mais reverenciados dos anos 80. E você, de que lado fica nessa discussão?

Fonte: Antena 1

Compartilhe essa notícia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *