A mais recente rodada de tarifas impostas pelo presidente americano Donald Trump sobre produtos brasileiros, que entrou em vigor em 6 de agosto, é vista pela revista britânica “The Economist” como “mais um latido do que uma mordia”, ou seja, é avaliada como mais simbólica do que econômica.
De acordo com o artigo publicado nesta sexta-feira (8), embora o Brasil tenha sido atingido por uma alíquota de 50% — uma das mais altas do mundo, a motivação não foi econômica, mas sim política. Ao anunciar a taxação dos produtos brasileiros, Trump reagiu à situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que atualmente cumpre prisão domiciliar e enfrenta julgamento por suposta tentativa de golpe de Estado. As tarifas foram justificadas por Trump como uma resposta a uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro.
“O Brasil não foi o único país visado por razões políticas. A Índia enfrenta uma taxa comparável por comprar petróleo russo. Trump alertou Mark Carney, primeiro-ministro do Canadá, que reconhecer um Estado palestino tornaria as negociações comerciais “muito difíceis”. O caso do Brasil, no entanto, é o mais claro até o momento de Trump usando o comércio como instrumento para interferir nos assuntos de outro país”, escreveu a publicação.
FERRAMENTA GRATUITA
Simulador da XP
Saiba em 1 minuto quanto seu dinheiro pode render
Guerra comercial à frente?
A medida, assinada por Trump na semana passada soma a tarifa recíproca de 10% a uma sobretaxa específica de 40%, aplicável a cerca de 35% das exportações do Brasil para os EUA.
Apesar do peso do número, uma lista de 694 exceções deve amenizar os efeitos imediatos sobre o PIB, com o governo brasileiro apostando em negociações setoriais para mitigar ainda mais os impactos.
Continua depois da publicidade
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva também prepara um pacote de medidas para reduzir os efeitos. O anúncio está previsto até a próxima terça-feira (12), segundo o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, que afirmou que o plano foi apresentado ao presidente e aguarda aprovação final.
Segundo o “The Economist”, o “maior risco pode estar no que Lula fará agora”.
“Em 6 de agosto, ele [Lula] disse que consultaria outros membros do BRICS sobre maneiras de combater as tarifas de Trump. Isso poderia muito bem desencadear uma guerra comercial crescente. Trump já rotulou o grupo de ‘antiamericano’. Ele ameaçou uma tarifa adicional de 10% sobre os produtos de seus membros durante a cúpula do BRICS no Rio no mês passado. Como presidente eleito, ele propôs uma tarifa de 100% caso eles tentassem abandonar o dólar para acordos comerciais”, apontou.
Continua depois da publicidade
Por fim, a publicação conclui que confrontar Donald Trump pode ser politicamente útil. “O discurso duro de Mark Carney ajudou a impulsionar ele e seu Partido Liberal a uma vitória improvável nas recentes eleições gerais no Canadá. Os próprios números de Lula nas pesquisas têm aumentado desde que Trump começou a mirar o Brasil, e Lula passou a se apresentar como um defensor da soberania brasileira. Os danos que as tarifas causam ao Brasil provavelmente serão limitados. Lula provavelmente deveria continuar colhendo os benefícios de ser atacado pelo Sr. Trump e tentar evitar transformar isso em uma briga maior.”
Fonte: Info Money