Tarifa média de exportação do Brasil aos EUA é de cerca de 30%, avalia Rio Bravo

Embora o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenha assinado uma ordem com a imposição de tarifas de 50% para as exportações brasileiras, a lista de exclusão com mais de 600 itens diminuiu o impacto da medida. 

De acordo com a análise mensal de mercado da Rio Bravo, enviada com exclusividade para o InfoMoney, isso fez com que a alíquota média efetiva tenha caído de 50% para cerca de 29% a 31%, dependendo do grau de isenção final aplicado a produtos químicos e do setor de energia. 

Isso faz com que as consequências macroeconômicas do tarifaço sejam concentradas em setores específicos, que vão ser impactados de forma assimétrica. Na avaliação da instituição, o risco sistêmico é limitado no curto prazo.

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Exclusões aliviam setores

Itens como óleo bruto de petróleo, minerais, suco de laranja, celulose, peças aeronáuticas e aeronaves foram excluídos total ou parcialmente do escopo tarifário, por meio de disposições específicas do Departamento de Comércio dos EUA.

Juntos, esses segmentos respondem por mais de 40% do valor total das exportações brasileiras aos Estados Unidos em 2024.

Além disso, setores estão negociando com os EUA para serem poupados da tarifa de 50%, como no caso do café. 

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“Em 2024, Brasil e EUA movimentaram mais de US$ 80 bilhões em comércio bilateral. Só neste ano, o Brasil importou mais de US$ 49 bilhões dos EUA — e, nos últimos dez anos, mais de US$ 440 bilhões. A relação comercial entre os dois países é uma das poucas em que os EUA mantêm superávit”, diz o documento.

Impacto no PIB

A análise da Rio Bravo cita uma estimativa de impacto de 0,8% no Produto Interno Bruto do Brasil (PIB), o que poderia ser ainda mais reduzido caso as tratativas setoriais avancem para uma negociação intermediária.

Cenário fiscal favorável ao governo

A análise da Rio Bravo também aponta que a disputa pelas mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) teve desfecho favorável ao governo. O embate entre o Executivo e o Legislativo escalou para o Supremo Tribunal Federal (STF), que intermediou a questão.

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O ministro Alexandre de Moraes validou a maior parte do decreto. A cobrança do IOF para operações de de crédito, compra de moeda estrangeira, aplicações mensais acima de R$ 50 mil em VGBLs e FIDCs, entre outras transações foi restabelecida, ficando de fora o “risco sacado” — modalidade específica de antecipação de recebíveis —, excluído por exceder o poder regulamentar, aponta o documento.

Com isso, a perda do governo em arrecadação ficou estimada em R$ 450 milhões em 2025 e R$ 3,5 bilhões em 2026.

“Ainda assim, a previsão de arrecadação líquida da Fazenda segue positiva, com impacto estimado de R$ 9 bilhões em 2025”, diz o texto. “Talvez o episódio sirva de lição: o jogo político é volátil e suscetível à reversão. Há poucas semanas, a derrota do governo em 2026 parecia inevitável. Hoje, já não se nota a mesma confiança”, avalia a instituição.

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Economia dos EUA

Os analistas da Rio Bravo avaliaram que os impactos das tarifas de Trump na atividade econômica americana tiveram efeitos suaves até agora. De acordo com a gestora, “é cedo para declarar sucesso da política comercial — mas também é cedo para declarar fracasso.”

Os dados apontam que a receita alfandegária ultrapassou US$ 100 bilhões nos primeiros nove meses do ano fiscal, com recorde de US$ 113,3 bilhões em base bruta e US$ 108 bilhões em base líquida, segundo o documento.

Saída de imigrantes favorece dados

Em meio a este cenário, os impactos inflacionários e no mercado de emprego não apareceram – mas por motivos alheios às tarifas. O desemprego cedeu para 4,1% em junho, mas não porque estão abrindo mais vagas, mas sim porque há menos pessoas procurando trabalho devido à saída dos imigrantes. 

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“Mais de 350 mil venezuelanos perderam seus status de proteção temporária no fim de maio. Até junho, o número de deportações já ultrapassa 207 mil — e a meta do presidente é de 1 milhão”, avalia a gestora.

Além disso, as vagas criadas no período vieram, em sua maioria, do poder público estadual e municipal. “A demanda por trabalho se mantém, mas o ritmo de contratação desacelera, e as demissões voluntárias caem. As empresas hesitam em contratar; os trabalhadores, em trocar de emprego”, diz o texto.

Olhos atentos à inflação

Em relação à inflação, os dados ainda não refletem os possíveis efeitos das tarifas, em parte porque houve aumento expressivo nas importações no primeiro trimestre, com as empresas se antecipando às tarifas. Isso significa que os estoques atuais ainda não sofreram os efeitos das alíquotas.

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Os primeiros sinais de impacto apareceram na CPI de junho, com aumento de preços em praticamente todas as categorias de bens, destaca a instituição.

Fonte: Info Money

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