A implementação do projeto de interoperabilidade em São Paulo, que conecta em tempo real mais de 370 unidades de saúde, representa muito mais que um avanço regional. Trata-se de um projeto-piloto nacional que comprova como a tecnologia pode transformar radicalmente a eficiência, reduzir custos e aumentar a segurança no atendimento em todo o Sistema Único de Saúde (SUS). Com o paciente sempre no centro, o modelo paulista mostra um caminho promissor para todo o país.
A proposta tornou-se referência ao combinar tecnologia ágil – com APIs HL7/FHIR que integram sistemas legados – a uma parceria público-privada eficiente e uma implementação surpreendentemente rápida, concluída em apenas 15 dias, muito antes do cronograma inicial. Esse conjunto de fatores permitiu a criação de um ecossistema integrado, capaz de responder com mais velocidade e inteligência às demandas da saúde pública.
Entre os principais resultados, destaca-se a redução de custos. A eliminação de exames repetidos gera uma economia de até 20%, além da diminuição de gastos administrativos e da burocracia. Essa racionalização de recursos não compromete a qualidade; ao contrário, amplia o acesso e melhora a experiência dos usuários.
A agilidade no atendimento é outro ganho expressivo. Profissionais de saúde passam a ter acesso em tempo real ao histórico completo dos pacientes — incluindo alergias, exames, medicações e cirurgias realizadas — em qualquer unidade integrada. Isso permite decisões clínicas mais rápidas e seguras, especialmente em contextos de emergência, em que cada segundo conta.
A segurança dos dados é garantida por APIs criptografadas e total conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Com isso, minimiza-se o risco de erros médicos, como interações medicamentosas perigosas, protegendo não apenas a integridade dos pacientes, mas também a atuação dos profissionais de saúde.
Do ponto de vista da gestão, a eficiência ganha uma nova dimensão. A visão integrada da rede permite otimizar recursos humanos e equipamentos, além de gerar indicadores precisos para a melhoria contínua. Com dados confiáveis em mãos, os gestores passam a tomar decisões mais embasadas, com impacto direto na qualidade do serviço oferecido.
O impacto do modelo se espalha por toda a cadeia de saúde. Para o paciente, significa um atendimento mais rápido, personalizado e com menos exames invasivos. Para os profissionais de saúde, diagnósticos mais precisos, menos burocracia e maior segurança clínica. Para os gestores, controle financeiro mais eficiente e políticas públicas orientadas por evidências.
O projeto de São Paulo comprova que interoperabilidade não é um custo, mas um investimento estratégico. Um investimento em eficiência, para um SUS mais ágil e sustentável; em segurança, com dados unificados que salvam vidas; e em economia, com recursos realocados para onde realmente importam.
Mais do que tecnologia, trata-se de colocar o paciente no centro do cuidado. O modelo está validado e replicá-lo em todo o Brasil é urgente. É por meio dessa integração que podemos construir um SUS verdadeiramente integrado, humano e resolutivo.
*Marcos T. Machado é membro do Conselho de Administração do Instituto Ética Saúde e um dos seus fundadores.