O Ministério da Saúde iniciou na última sexta-feira (15) a implementação do teste de biologia molecular DNA-HPV no Sistema Único de Saúde (SUS). Esta tecnologia 100% nacional representa um avanço importante no rastreamento organizado do câncer de colo do útero, detectando 14 genótipos do papilomavírus humano antes mesmo do surgimento de lesões.
A iniciativa permitirá o rastreamento precoce em aproximadamente 5,6 milhões de mulheres nos próximos cinco anos nos 12 estados inicialmente contemplados. Em São Paulo, o município de Ribeirão Preto será o primeiro beneficiado, com previsão de atender mais de 198 mil mulheres neste período.
O lançamento em São Paulo ocorreu na UBS Dr. Sérgio Botelho da Costa Moraes, com a presença da secretária de Informação e Saúde Digital, Ana Estela Haddad, e do coordenador-geral da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, José Barreto Campelo Carvalheira.
Expansão nacional e benefícios do novo método
“Estamos implementando essa nova forma de diagnóstico e prevenção do câncer do colo do útero aproveitando a infraestrutura criada durante a pandemia para os testes de biologia molecular. Essa estrutura agora será utilizada para o diagnóstico do HPV, permitindo reduzir o tempo de espera e iniciar o tratamento o mais rápido possível”, explicou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
O HPV é a principal causa do câncer do colo do útero, terceiro tipo mais incidente em mulheres no Brasil, com 17.010 novos casos estimados anualmente para o triênio 2023-2025. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a incidência é de 15 casos a cada 100 mil mulheres.
A meta é que até dezembro de 2026 o rastreamento esteja disponível em todo o território nacional, beneficiando 7 milhões de mulheres de 25 a 64 anos anualmente.
Vantagens do teste molecular sobre o Papanicolau
O novo teste molecular, produzido pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná (Fiocruz), substituirá gradativamente o exame Papanicolau, oferecendo maior sensibilidade diagnóstica e permitindo intervalos mais longos entre os exames:
- Ampliação do intervalo de rastreamento de 3 para 5 anos quando o resultado é negativo;
- Eliminação da necessidade de nova coleta em casos inconclusivos;
- Rastreamento equitativo que alcança mulheres em áreas remotas;
- Redução de exames e intervenções desnecessárias.
“Com o Papanicolau, o exame precisa ser repetido a cada três anos. Com essa nova tecnologia, o intervalo passa a ser de cinco anos. Além disso, elimina a necessidade de nova coleta quando o resultado é inconclusivo — a mesma amostra já serve para todos os exames necessários, acelerando o encaminhamento ao tratamento”, explica o ministro Padilha.
Rastreamento organizado e acesso ao exame
A implementação do teste foi viabilizada pelas Diretrizes Brasileiras de Rastreamento do Câncer do Colo do Útero, que estabelecem o rastreamento organizado. Neste modelo, o SUS convida ativamente mulheres de 25 a 64 anos para realizar o exame.
As equipes de Saúde da Família e os Agentes Comunitários farão o levantamento das mulheres que estão com o teste ginecológico atrasado ou que nunca o fizeram, assim como as que ainda não foram vacinadas.
O público-alvo inclui mulheres cisgênero, homens transgênero, indivíduos não binários, de gênero fluido e intersexuais nascidos com sistema reprodutivo feminino. Para acessar o novo teste, basta marcar uma consulta ginecológica nas Unidades Básicas de Saúde.
Autocoleta para populações vulneráveis
Com o avanço da implementação, o Ministério da Saúde também disponibilizará a autocoleta do material ginecológico para populações com dificuldade de acesso aos serviços de saúde ou resistência à realização do exame.
Esta modalidade beneficiará mulheres em situação de vulnerabilidade, como pessoas em situação de rua, privadas de liberdade, migrantes, refugiadas, quilombolas, entregadoras por aplicativos e pessoas LGBTQIAPN+. O procedimento será ensinado por um profissional de saúde e a amostra, colhida em casa, deverá ser entregue em uma UBS.
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