Jurassic World está de volta aos cinemas com uma superprodução de R$ 1,2 bilhão, mas ainda parece preso às correntes da própria nostalgia. O novo reboot da franquia entrega boas cenas de ação e mortes impactantes, mas insiste em seguir a velha fórmula do “as coisas dão errado, dinossauros atacam, humanos correm”. A fórmula funciona? Ainda sim. Mas ela impede que a saga evolua.
O filme tem tudo para funcionar como uma história de terror. As mortes são bem coreografadas, algumas cenas lembram clássicos de suspense, e o clima de ameaça constante funciona melhor do que nas últimas produções da franquia. Mas esse potencial é desperdiçado quando a trama insiste em investir em subenredos rasos e personagens que pouco importam.
Scarlett Johansson, Mahershala Ali e Jonathan Bailey são estrelas de peso e formam um elenco que empolga no papel. Mas na prática, os três ficam ofuscados por uma trama paralela de uma família em apuros — com diálogos expositivos e uma dinâmica forçada que mais atrapalha do que ajuda. Os protagonistas acabam virando coadjuvantes da própria história.
O erro de Jurassic World
A impressão é que os roteiristas não quiseram se comprometer com uma mudança de tom. Jurassic World: Recomeço poderia — e deveria — seguir por um caminho mais ousado, assumindo-se de vez como um thriller de horror. As criaturas pré-históricas não precisam mais ser vistas com deslumbre, mas com o medo que elas impõem desde o primeiro filme, de 1993.
O sucesso de outros longas recentes, como Nope (2022), prova que o público está pronto para histórias com criaturas gigantes e pegada de terror psicológico. Jurassic World já tem a base, os efeitos e o universo. Falta só coragem de apostar em algo novo.
Com um orçamento gigantesco e um visual impressionante, o filme não peca na técnica. Os dinossauros continuam sendo o ponto alto e os efeitos práticos misturados com CGI dão vida às criaturas de forma realista. Mas tudo isso perde impacto quando a história anda em círculos.
Se quiser se manter relevante, Jurassic World precisa parar de mirar no público nostálgico e começar a explorar territórios inexplorados dentro do próprio universo. E transformar a franquia em uma série de filmes de terror pode ser exatamente o caminho que falta para dar nova vida aos dinossauros.
Fonte: UOL