O Hospital Sírio-Libanês inaugurou o primeiro centro de excelência da América Latina dedicado ao tratamento, ensino e pesquisa clínica e translacional em tumores cerebrais. O Brain Tumor Center (BTC) pretende oferecer abordagens personalizadas para pacientes e integrar assistência clínica com pesquisa científica.
O BTC foi estruturado com base em três pilares: assistência integrada, pesquisa e ensino. A proposta é melhorar os desfechos clínicos, a sobrevida e a qualidade de vida de pessoas com tumores cerebrais, além de gerar dados que possam orientar novos tratamentos.
Os tumores do sistema nervoso central, apesar de menos comuns, apresentam alta mortalidade e representam um desafio crescente para o sistema de saúde brasileiro. Estimativas do INCA apontam que aproximadamente 11.490 novos casos são registrados no país a cada ano.
Muitos centros ainda tratam esses tumores como se fossem todos iguais, sem considerar a biologia única de cada caso, de acordo com Marcos Maldaun, neuro-oncologista do Sírio-Libanês. “Cada tumor tem uma assinatura própria e exige uma abordagem específica”, afirma.
No BTC, os casos são analisados por uma equipe multidisciplinar composta por neurocirurgiões, oncologistas, radioterapeutas, radiologistas, patologistas e especialistas em reabilitação. O centro utiliza recursos como neuronavegação, ressonância magnética intraoperatória, ultrassom cirúrgico e corantes fluorescentes, permitindo cirurgias menos invasivas e maior preservação da função neurológica.
Além da cirurgia, os pacientes têm acesso a radioterapia de alta precisão e tratamentos oncológicos personalizados, baseados em medicina de precisão. A equipe revisa continuamente cada etapa da jornada do paciente para identificar a melhor estratégia terapêutica.
Um diferencial do centro é a integração entre pesquisa e prática clínica. A ideia é que estudos laboratoriais, testes pré-clínicos e protocolos clínicos contribuam diretamente para decisões médicas, em vez de se limitar à produção acadêmica.
O BTC também desenvolve pesquisas genéticas e epigenéticas, cultivos celulares e parcerias com centros internacionais. Protocolos clínicos próprios estão em fase de implementação, incluindo pacientes do SUS e de outros países da América Latina.
No campo da educação, o centro planeja oferecer programas de especialização em neuro-oncologia, cursos de atualização para profissionais de saúde e materiais educativos para pacientes e familiares, com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre tumores cerebrais na região.
Maldaun destaca que o modelo busca também dar previsibilidade aos custos do tratamento, facilitando o planejamento dos pacientes e contribuindo para maior acesso e equidade.