As ações da BP subiram até 10% em Nova York após o Wall Street Journal noticiar que a Shell está em conversas preliminares para adquirir sua rival sediada em Londres.
As negociações entre representantes das empresas estão em andamento, mas os termos de um possível acordo não foram revelados, e uma transação ainda está longe de ser certa, segundo o jornal, que cita fontes familiarizadas com o assunto.
A BP tem enfrentado forte pressão após anos de desempenho fraco e a intervenção do acionista ativista Elliott Investment Management. Uma reestruturação estratégica anunciada em fevereiro pelo CEO Murray Auchincloss teve recepção morna, com analistas e investidores questionando se a empresa conseguiria atingir suas metas de aumento na produção de petróleo e gás e melhoria dos retornos.
A especulação de que a empresa, em dificuldades, poderia se tornar alvo de aquisição vinha crescendo, embora o tamanho e a complexidade da BP tornem qualquer operação muito desafiadora. A Bloomberg noticiou em maio que a Shell vinha avaliando os méritos de uma aquisição, mas estava aguardando quedas adicionais no preço das ações e do petróleo antes de decidir se faria uma oferta.
A BP preferiu não comentar.
“Como já dissemos muitas vezes, estamos fortemente focados em capturar valor na Shell por meio da continuidade no foco em desempenho, disciplina e simplificação”, disse um porta-voz da Shell em resposta a perguntas da Bloomberg.
A Shell negou a reportagem do Wall Street Journal. “Isso é mais uma especulação do mercado. Não há negociações em andamento”, disse um porta-voz da empresa.
Negócio histórico
Caso a Shell adquira a BP, o negócio estaria entre os maiores da história europeia, criando pela primeira vez uma gigante do petróleo capaz de rivalizar com as líderes do setor, Exxon Mobil Corp. e Chevron Corp. Juntas, as duas empresas teriam uma produção upstream de quase 5 milhões de barris de óleo equivalente por dia e posição dominante no mercado global de gás natural liquefeito (GNL).
A operação também seria cara — alguns analistas estimam que a Shell teria de pagar um prêmio de cerca de 20% sobre a capitalização de mercado de £58 bilhões (US$ 79 bilhões) da BP. Além disso, poderia haver preocupações significativas de concorrência, com a empresa resultante tendo uma fatia muito grande no varejo de combustíveis em alguns países.
BP e Shell já foram rivais próximos — com tamanho, alcance e influência globais semelhantes — mas seus caminhos se distanciaram nos últimos anos, após a BP avançar rapidamente rumo à energia de baixo carbono sob a gestão do ex-CEO Bernard Looney.
Enquanto isso, a Shell vem cortando custos, se desfazendo de unidades de renováveis com desempenho fraco e redirecionando o foco para os combustíveis fósseis sob a liderança do CEO Wael Sawan. Embora suas ações tenham superado as da Chevron e da Exxon nos últimos anos, a avaliação da empresa ainda não alcançou a de suas grandes rivais americanas.
Sawan afirmou repetidamente que sua abordagem para fusões e aquisições será cautelosa e que “a régua é alta” para qualquer negócio. Em maio, disse a investidores que via maior valor na continuidade da recompra de ações da própria Shell.
Fonte: Invest News