SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Na última etapa da F1, em Silverstone, na Inglaterra, o veterano alemão Nico Hülkenberg, 37, finalmente subiu ao pódio pela primeira vez em sua carreira, após 239 corridas na categoria. O feito também marcou o primeiro pódio da Sauber em mais de uma década -o último havia sido em 2012- e consolidou um momento de virada para a escuderia, que agora soma quatro provas consecutivas na zona de pontuação.
Essa evolução começou a se desenhar a partir do GP da Espanha, na nona etapa do campeonato, quando a equipe suíça introduziu significativas atualizações no carro verde. Até então, tanto Hülkenberg quanto o brasileiro Gabriel Bortoleto, 20, enfrentavam dificuldades, com sete provas consecutivas sem pontuar.
Para o jovem piloto, que faz sua temporada de estreia na F1, o cenário agora é especialmente promissor. Após um início desafiador, o paulista passou a contar com um carro mais competitivo, o que poderá abrir caminho para seus primeiros grandes resultados.
Em suas 12 primeiras corridas até aqui, o paulista apresentou algumas das credenciais que o levaram à principal categoria do automobilismo mundial -tornou-se, por exemplo, o mais jovem brasileiro a pontuar na F1-, mas também cometeu erros inerentes à jornada de um novato, como sua batida na Austrália, na abertura do campeonato, e seu abandono precoce na Inglaterra, também após um acidente.
Nos dois casos em que o desfecho esteve longe do que ele esperava, Bortoleto eximiu sua equipe de culpa e assumiu a responsabilidade pelos erros. Na disputa mais recente, no circuito inglês, admitiu que fez uma escolha equivocada para seu composto de pneus em meio à chuva que se formava sobre o autódromo.
“É muito simples o que aconteceu: cometi um erro e decidi ir para os [pneus] médios de pista seca [antes da largada]”, disse o piloto.
O abandono logo na quinta volta frustrou a boa expectativa que o brasileiro havia criado depois da etapa anterior, no GP da Áustria, quando alcançou seus primeiros pontos na categoria, com um oitavo lugar.
Além de fazer dele o mais jovem brasileiro a pontuar na F1, com 20 anos, oito meses e 15 dias, a conquista deu fim a um hiato do Brasil. Havia quase oito anos -desde o décimo lugar de Felipe Massa no GP de Abu Dhabi de 2017- que o país não tinha um piloto dentro da zona de pontuação. Foram 2.770 dias sem registrar nenhum ponto.
Antes de dar fim ao jejum, Bortoleto admitiu que estava incomodado por não conseguir terminar entre os dez primeiros colocados. Na disputa direta com seu companheiro de equipe, enquanto ele ainda estava zerado, Hülkenberg já havia somado 20 pontos -atualmente, o alemão acumula 37 e aparece em nono na classificação do Mundial. O brasileiro, por sua vez, é apenas o 19º.
A experiência do veterano ajuda a explicar essa diferença, já que o alemão tem feito escolhas melhores de estratégia e ritmo de corrida. Algumas das decisões equivocadas de Bortoleto, como os pneus indicados por ele para o GP da Inglaterra, mostram, no entanto, um lado mais ousado do brasileiro em comparação ao estilo mais pragmático do alemão.
Um levantamento do portal inglês The Race sobre o estilo de pilotagem de ambos joga luz sobre isso. “Bortoleto] tem sido impressionante em curvas de alta velocidade e, muitas vezes -embora não sempre-, decide frear um tanto mais tarde, num estilo mais agressivo nas curvas lentas”. Enquanto isso, Hülkenberg “freia mais cedo para manter a plataforma mecânica do carro na janela certa para o efeito aerodinâmico”, descreveu a publicação.
“Quero ser o piloto mais completo possível. Não quero ser alguém que só quer fazer as coisas de um jeito, não acho que seja certo. É preciso se adaptar às condições que se tem”, explicou o brasileiro.
Apesar da desvantagem nas corridas, nas classificações a postura do jovem tem promovido uma disputa mais acirrada com seu companheiro de equipe. Os dois estão empatados, com sete vantagens para cada um nas formações de grid, levando em consideração as 12 corridas oficiais e as duas provas sprint.
Com a Sauber em ascensão depois de um início de temporada difícil, ainda como reflexo de ter sido a pior equipe do grid em 2024, quando somou apenas quatro pontos, a segunda metade do campeonato reserva oportunidades concretas para que o brasileiro mostre todo o seu potencial também nas corridas.
O primeiro desafio será no próximo domingo (27), com o GP da Bélgica, às 10h (de Brasília).
Fonte: Notícias ao Minuto