Bloomberg Línea — A Sabesp (SBSP3) assinou dois contratos para adquirir o equivalente a 70,1% do capital social da Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), pelo valor somado de R$ 1,13 bilhão, com o objetivo de ampliar a segurança hídrica de São Paulo por meio do controle dos reservatórios Guarapiranga e Billings.
A empresa, que passou a ser administrada com a Equatorial (EQTL3) como acionista de referência desde o processo de privatização em meados de 2024, também reforçará a sua estabilidade financeira com os negócios, dada a geração de caixa proveniente dos ativos no setor de energia elétrica.
A operação envolve duas transações com contrapartes distintas, segundo fato relevante divulgado nesta manhã de domingo (5).
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A primeira transação contempla a compra de 74,9% das ações ordinárias da Emae (EMAE4) por R$ 59,33 cada uma, negociadas com a Vórtx DTVM, agente fiduciário dos debenturistas da Phoenix Água e Energia — fundo do investidor Nelson Tanure que havia arrematado o controle da Emae em 2024 por R$ 1 bilhão.
Na segunda parte, a Eletrobras (ELET3, ELET6) vendeu sua participação de 66,8% nas ações preferenciais da Emae à Sabesp (SBSP3) por R$ 32,07 cada uma, totalizando 14,8 milhões de papéis e R$ 476,5 milhões.
O contrato prevê possibilidade de earnout (pagamento adicional atrelado a resultados futuros).
Ativos estratégicos e impactos
A Emae detém a infraestrutura dos sistemas Guarapiranga e Billings, dois dos principais reservatórios que abastecem a Grande São Paulo.
A integração permitirá maior flexibilização na gestão hídrica regional, que está em momento crítico considerando um inverno com chuvas abaixo da média histórica e em que reservatórios do estado estão em níveis igualmente baixos.
A Emae também possui ativos de geração elétrica com contratos de receita de longo prazo indexados à inflação – o que se traduz em geração de caixa.
Para a Eletrobras, a venda integra sua estratégia de simplificação do portfólio de ativos e busca por eficiência na alocação de capital.
No caso da Phoenix Água e Energia, não está claro se o acordo vai beneficiar Nelson Tanure, dado que o acordo se deu com debenturistas da companhia.
A conclusão da compra do controle da Emae pela Sabesp depende de aprovações regulatórias e condições suspensivas. A Sabesp realizará teleconferência com investidores nesta segunda-feira (6), às 10h.
Em fato relevante, a Emae informou ter sido notificada pela Vórtx sobre o vencimento antecipado de debêntures da Phoenix garantidas por 75,80% de suas ações ordinárias, e que tomou conhecimento da venda de suas ações para Sabesp e Eletrobras apenas pelas divulgações públicas, sem participar das negociações. A companhia esclareceu que suas operações seguem normalmente e contatou a Phoenix para obter maiores informações.
Os documentos oficiais divulgados hoje pela Sabesp e Eletrobrás não detalham aspectos financeiros da Emae, como receita, lucro, endividamento e valor dos contratos de energia.
Não há tampouco informações sobre sinergias estimadas e capacidade adicional de fornecimento de água dos reservatórios.
O cronograma para aprovações regulatórias, termos do earnout da Eletrobras e estrutura de governança pós-aquisição também não foram divulgados.
Atualiza às 16h50 de domingo (5/10) com fato relevante da Emae
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