O Brasil enfrenta grandes desafios nos sistemas de saúde público e privado, entre eles as limitações orçamentárias, o envelhecimento populacional e a necessidade de maior eficiência operacional. Nesse contexto, a locação de equipamentos médicos surge como uma alternativa à aquisição direta, oferecendo maior flexibilidade e redução de investimentos iniciais.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (ABIMO), o mercado de equipamentos médicos e hospitalares movimentou R$ 24 bilhões em receita líquida em 2023. Para 2025, quase metade das empresas do setor projeta crescimento superior a 10%. Em 2024, o segmento já havia registrado alta de 11,5% em relação ao ano anterior, impulsionado pela expansão de redes hospitalares, pela digitalização dos serviços de saúde e pelo aumento das exportações.
O segmento de locação acompanha essa tendência e ganhou visibilidade durante a pandemia de COVID-19, quando a demanda por capacidade adicional cresceu de forma expressiva.
Gestão integrada como modelo de negócio
Entre as iniciativas do setor, destaca-se o modelo de gestão integrada, que vai além do fornecimento de equipamentos, englobando também sua operação completa.
Segundo Vinicius Gonçalves, gerente de locação da RTS, a proposta é atuar como parceiro estratégico das instituições de saúde, assumindo integralmente a operação de leitos de terapia intensiva, salas cirúrgicas e unidades de internação. “Nosso foco é garantir que os equipamentos estejam sempre disponíveis, atualizados e funcionando com eficiência máxima, porque leito parado custa caro, e pode até custar vidas”, afirma.
Estrutura do modelo
Esse tipo de gestão centraliza a responsabilidade pela operação dos leitos, incluindo manutenção preventiva e corretiva, substituição de equipamentos em até 48 horas, fornecimento de insumos, padronização tecnológica e treinamentos.
“Com a padronização tecnológica, treinamento continuado e gestão total da assistência, reduzimos consideravelmente os problemas relacionados ao mau uso dos aparelhos”, explica Gonçalves.
A adoção do modelo tende a oferecer previsibilidade de custos, flexibilidade na quantidade de leitos e redução da necessidade de investimento direto em ativos, pontos considerados relevantes diante dos altos custos do setor hospitalar brasileiro.
Impactos na rotina hospitalar
De acordo com Gonçalves, ainda que não haja acesso direto aos indicadores assistenciais, os relatos de instituições parceiras indicam efeitos positivos. “Com equipamentos novos, padronizados e itens de reposição incluídos no contrato, o foco da equipe permanece no paciente. Assim, recursos antes destinados à manutenção podem ser redirecionados para melhorias estruturais e capacitação de pessoas”, afirma.
Um dos casos mais duradouros é a parceria da RTS com a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, ativa há mais de 12 anos. Durante a pandemia, a empresa montou mais de 1.100 leitos de gestão integrada em quatro estados, incluindo 300 leitos no Ceará, montados e operacionalizados em oito dias.
Desafios e perspectivas do setor
Apesar dos avanços no modelo de gestão integrada, o setor ainda enfrenta obstáculos. Gonçalves destaca “a instabilidade econômica, a complexidade do sistema de saúde público e privado, e a necessidade crescente de digitalização e sustentabilidade” como os principais desafios atuais.
Para o futuro, a RTS projeta que “a personalização das soluções, o uso de dados em tempo real e o foco em sustentabilidade serão os pilares da próxima década” no setor de locação de equipamentos médicos.
O modelo baseado em padronização, tecnologia, treinamento e logística ágil tem contribuído para reduzir a ociosidade de leitos, aumentar a previsibilidade financeira e ampliar a capacidade de resposta a crises no setor de saúde brasileiro, representando uma tendência que deve se fortalecer nos próximos anos.
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