Pets com emprego: mercado de detetives de quatro patas cresce no Brasil

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Moana, cadela da raça bloodhound de 8 anos com papadas como cortinas de veludo e orelhas tão grandes que encostam no chão, é uma pet treinada para rastrear pessoas desaparecidas, ajudando a polícia brasileira a resolver casos de homicídio.  

Mas hoje em dia seus alvos são mais peludos. Sua missão mais recente: encontrar um vira-lata pequeno e ansioso chamado Zen.

Zen fugiu durante uma briga com outro cachorro em um parque de um bairro nobre de São Paulo enquanto passeava com seu dog walker. Seus donos desesperados fizeram o que qualquer brasileiro rico faria: chamaram os detetives de pets.

No Brasil, cães de busca como Moana e seu companheiro, Google, trabalham como detetives particulares, caçando de tudo, desde gatos até hamsters perdidos, para donos desesperados que pagam até US$ 200 (cerca de R$ 1.120) por hora

Os negócios estão prosperando. Muitos brasileiros estão morando sozinhos, tendo mais animais do que filhos. A população de animais de estimação do país é de cerca de 160 milhões, aproximando-se da população humana. O país tem mais cães pequenos per capita do que qualquer outra nação.

“Muitas pessoas não querem mais ter filhos; elas querem cachorros”, disse o passeador de cães, sem fôlego, que se juntou à busca pelo cão preto desaparecido. Atormentado pela culpa, ele pediu para não ser identificado. 

Pet sumido

Zen desapareceu por volta da hora do almoço no dia 12 de junho, aniversário de Moana. No dia seguinte, Depois de sentir o cheiro do cobertor favorito de Zen, ela seguiu seu rastro na maior cidade do Hemisfério Sul. 

“Vamos lá, vamos encontrar aquele cara maluco”, disse Danilo Souza para persuadir a pet resignada. Moana abaixou o nariz para a calçada empoeirada do lado de fora do parque, refazendo o caminho sinuoso de Zen. 

Depois de um passeio em zigue-zague pelas mansões de políticos e milionários, Moana seguiu o cheiro de Zen por uma pista de skate e um acampamento de moradores de rua antes que a trilha sumisse em um cruzamento próximo a uma loja de animais. Ali, ela encontrou o maior perigo de São Paulo: o trânsito.

Souza e Diego de Oliveira, outro dos tratadores de Moana, correram para acenar para os carros que se aproximavam enquanto Moana atravessava uma rodovia de três pistas. “Saia da frente!”, gritou um motorista irado, buzinando.

“Caçar animais de estimação no Brasil não é fácil”, disse Souza.  Às vezes, Moana também entra direto em uma das favelas mais perigosas da cidade em busca de uma criatura fofa. Souza e sua equipe precisam pedir permissão aos traficantes locais para continuar. 

Durante uma busca por um animal de estimação desaparecido no campo, um fazendeiro disparou contra Souza e o grupo de busca. “A gente se jogou no chão para se defender”, disse de Oliveira.

Moana e Google estão pets acostumados com situações dramáticas. Quando não estão procurando por animais perdidos, eles caçam pessoas desaparecidas. Famílias desesperadas relatam casos a um canal de televisão local que contrata Souza e seus cães de caça para ajudá-los a encontrar seus entes queridos. 

Pets difíceis de rastrear

Cães, especialmente os mais jovens, como Zen, de 2 anos, são mais difíceis de rastrear porque conseguem ir muito longe em muito pouco tempo. Mas, por mais rápidos que sejam, os cães geralmente querem ser encontrados. O mesmo não pode ser dito dos gatos.

Souza recentemente assumiu o caso de um gato desaparecido no estado de Goiás, a cerca de 960 quilômetros de distância. O dono pagou a viagem de Souza, de Oliveira, Moana e Google.

Após 90 minutos de voo e 3 horas de caça, Souza encontrou o fugitivo peludo em uma floresta próxima. O gato surgiu do meio do mato, olhou nos olhos de sua dona aos prantos e passou direto por ela. “O gato basicamente mostrou o dedo do meio para ela”, disse Souza. 

Ele acabou sendo capturado depois que sua dona armou uma armadilha com um suculento patê de peixe. 

Alguns animais de estimação são mais esquivos. No ano passado, Moana passou horas seguindo o cheiro de uma chinchila fugitiva por uma zona residencial fechada nos arredores de São Paulo. O roedor fofo se espremeu para dentro do esgoto e nunca mais foi visto.

“Recebemos ligações até sobre pássaros perdidos”, disse Souza. “Mas, bem, eles voam.”

Certa vez, Moana foi chamada para encontrar um quati, parente do guaxinim, de estimação perdido. Não demorou muito para que ela seguisse o cheiro dele até uma cova recém cavada no jardim do vizinho. 

“O vizinho enterrou o corpo depois que o cachorro o matou… Ele confessou na hora”, disse Souza. “Isso acontece mais do que você imagina.”

Quando a busca por Zen entrou na terceira hora, os donos inconsoláveis ​​do cachorro, Ligia Borges e Raphael Cordeiro, juntaram-se à busca. “Pelo amor de Deus, Zen, ZEN, ZEN!”, gritou Borges, segurando o choro.  

O problema, explicou o casal em desespero, era que Zen tinha uma aparência muito comum. Se ele fosse um golden retriever ou um lulu da Pomerânia, alguém poderia tê-lo notado. Mas, como é um vira-lata mestiço, Zen pode ser confundido com apenas mais um dos cães de rua da cidade.

O grupo fez uma pausa para o almoço porque o sol do meio-dia deixou o chão quente demais para as patas dos cães. Então, Borges e Cordeiro receberam uma pista: um balconista da loja de animais viu um dos panfletos e avistou Zen a algumas centenas de metros de distância, encolhido no terreno de um prédio comercial. O casal correu para buscá-lo.

“Moana pode ter cochilado durante o reencontro desta vez, mas o importante era que o caso estava encerrado”, disse Souza. Zen finalmente está de volta ao seu devido lugar: o sofá. 

Traduzido do inglês por InvestNews

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Fonte: Invest News

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