O petróleo abriu as negociações da semana, nesta noite de domingo (22), em alta de até 5,7%, alcançando US$ 81,40 o barril – num movomento que amplia três semanas consecutivas de ganhos.
Em um discurso no fim de semana, Donald Trump, disse que os ataques aéreos haviam “obliterado” os três alvos e ameaçou novas ações militares caso o Irã não aceitasse fazer a paz. Em sua resposta inicial, Teerã advertiu que os ataques teriam “consequências eternas”.
O ataque americano — que mirou as instalações de Fordow, Natanz e Isfahan — eleva dramaticamente as apostas no confronto e aumenta o prêmio de risco que os traders estão incorporando ao mercado global de energia. Ainda assim, a extensão dos ganhos nos preços dependerá de como Teerã escolherá responder às ações dos EUA.
O mercado global de petróleo está sob forte tensão desde que Israel atacou o Irã há mais de uma semana. Os contratos futuros subiram, os volumes de opções dispararam, as taxas de frete aumentaram e a curva futura mudou, refletindo as preocupações com o aperto na oferta de curto prazo. O Oriente Médio responde por cerca de um terço da produção global de petróleo, e preços mais altos e sustentados aumentariam as pressões inflacionárias no mundo todo.
“Isso pode nos colocar no caminho para um petróleo a US$ 100, se o Irã responder como tem ameaçado anteriormente”, disse Saul Kavonic, analista de energia da MST Marquee. “Esse ataque dos EUA pode gerar uma escalada generalizada do conflito.”
Há múltiplos riscos para os fluxos físicos de petróleo. O maior deles envolve o Estreito de Ormuz, caso Teerã decida retaliar tentando fechar esse ponto estratégico. Cerca de 20% da produção mundial de petróleo cru passa diariamente por esse estreito, na entrada do Golfo Pérsico.
Segundo a TV estatal iraniana, o parlamento do Irã pediu o fechamento do estreito. Tal medida, porém, só poderia avançar com a aprovação explícita do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei.
Fornecedores Rivais
Além disso, Teerã poderia optar por atacar a infraestrutura de petróleo de países rivais no Oriente Médio, como outros produtores da Opep+, incluindo Arábia Saudita, Iraque ou Emirados Árabes Unidos. Após o ataque dos EUA, tanto Riad quanto Bagdá expressaram preocupação com os bombardeios às instalações nucleares.
Outra possibilidade seria Teerã orquestrar ataques a navios no outro lado da península arábica, no Mar Vermelho, encorajando os rebeldes houthis do Iêmen a hostilizar embarcações. Depois dos ataques americanos, o grupo ameaçou retaliar.
Se as hostilidades se agravarem, as próprias capacidades de produção de petróleo do Irã podem se tornar alvo, incluindo o importante terminal de exportação na Ilha Kharg. Um ataque a Kharg, no entanto, poderia fazer os preços do petróleo dispararem ainda mais — algo que os EUA talvez queiram evitar. Até o momento, a Ilha Kharg foi poupada, e imagens de satélite apontam que o Irã está acelerando as exportações de petróleo.
A crise também coloca os holofotes sobre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados, incluindo a Rússia. Nos últimos meses, a Opep+ tem relaxado rapidamente as restrições de oferta para tentar recuperar participação de mercado, mas os membros ainda possuem uma capacidade ociosa substancial que pode ser reativada.
Fonte: Invest News