Pesquisa clínica já nasceu como eixo estratégico na Rede Mater Dei 

Em um cenário cada vez mais orientado por evidências e inovação, a pesquisa clínica tem se consolidado como uma frente relevante para o avanço do cuidado em saúde. Além de garantir segurança e eficácia a novos tratamentos, essa prática contribui para ampliar o acesso a terapias emergentes e fortalecer a assistência baseada em ciência. 

Apesar de o Brasil ocupar a sexta posição no mercado farmacêutico global, sua participação nos estudos clínicos ainda representa cerca de 2% dos ensaios em andamento no mundo. No entanto, o país lidera a América Latina em volume de estudos ativos, com mais de 8.800 registros, segundo dados públicos. 

Diante desse cenário, diversas instituições de saúde têm buscado integrar a pesquisa científica à prática assistencial. A Rede Mater Dei de Saúde, por exemplo, tem estruturado iniciativas voltadas ao fortalecimento da pesquisa clínica, incorporando esse eixo às estratégias de gestão hospitalar. 

A pesquisa como parte da assitência 

Desde a inauguração do Centro de Pesquisa Clínica do Hospital Mater Dei Salvador, em novembro de 2023, a rede vem ampliando sua atuação no campo da pesquisa. A iniciativa busca oferecer suporte qualificado a projetos científicos e ampliar o acesso de pacientes a tratamentos em desenvolvimento. 

“O desenvolvimento do Centro de Pesquisa Clínica do Hospital Mater Dei foi uma provocação da própria diretoria na minha chegada”, relata Jamary Oliveira Filho, coordenador da UTI Neurológica e Centro de Pesquisa Clínica do Hospital Mater Dei Salvador. “A ideia partiu do José Henrique, Felipe Ligório e outros membros da diretoria, com o objetivo de tornar a pesquisa clínica mais profissionalizada.” 

O centro foi apresentado durante o quinto Encontro de Lideranças Médicas e do Corpo Clínico da unidade de Salvador. Com uma estrutura física dedicada e equipe multiprofissional — composta por farmacêutica, secretária executiva, coordenadores e equipe de apoio —, o espaço tem possibilitado a condução de estudos clínicos nacionais e internacionais, em diferentes áreas terapêuticas. 

Estrutura integrada favorece agilidade e expansão 

A organização da rede — presente em Minas Gerais, Bahia e Goiás —, com protocolos institucionais padronizados e comitê de ética centralizado, tem viabilizado a participação em estudos multicêntricos. 

“Temos grupos que interagem entre si com protocolos únicos institucionais. Isso facilita a atração de estudos clínicos multicêntricos para serem desenvolvidos dentro da rede”, afirma Jamary. Segundo ele, quando um projeto é aprovado em uma das unidades, há possibilidade de implementação simultânea em outras, o que pode otimizar tempo e ampliar o recrutamento. 

Entre os estudos já realizados, estão pesquisas voltadas à fibrose pulmonar, rinite e doenças pulmonares intersticiais. Novos projetos, relacionados a condições como Parkinson, Alzheimer e AVC, encontram-se em fase de recrutamento. 

“Esses tratamentos novos são oferecidos aos pacientes da instituição, que participam de forma voluntária (…) É uma chance de acesso a terapias que muitas vezes não são custeadas pelo SUS ou pelos planos de saúde”, pontua o coordenador. 

Segundo Jamary, a integração entre os times assistenciais e os projetos de pesquisa ocorre de forma articulada, especialmente em situações clínicas que esgotaram as opções terapêuticas convencionais. 

“As doenças e a medicina têm limites, que estão justamente nas pesquisas. Quando o paciente esgota as linhas de tratamento disponíveis, a pesquisa clínica pode ser a única alternativa”, explica. 

Formação de pesquisadores e governança regulatória 

A entrada de novos estudos pode ocorrer tanto por meio da articulação direta do centro com patrocinadores quanto por propostas apresentadas por investigadores vinculados à instituição. 

“Como temos pesquisadores experientes em recrutamento, muitas vezes são eles que recebem diretamente o convite de patrocinadores”, afirma Jamary. “Nesse caso, avaliamos o interesse institucional e viabilizamos a infraestrutura para conduzir o projeto.” 

A condução dos estudos clínicos na rede segue as diretrizes das boas práticas clínicas internacionais, com auditorias promovidas por patrocinadores, agências reguladoras e entidades independentes. “Todas as pesquisas são auditadas externamente, e precisamos disponibilizar toda a documentação. Isso aumenta a confiabilidade dos resultados gerados”, detalha. 

A capacitação de profissionais também é uma frente considerada prioritária. Para garantir a qualidade desde o início, o centro recrutou profissionais com experiência prévia em pesquisa. Ao mesmo tempo, promove a formação de novos pesquisadores, com orientação individualizada. 

“Faço reuniões frequentes com quem quer conduzir seu primeiro estudo. É importante que entenda o trabalho envolvido, mas também os benefícios de desenvolver essa carreira como médico pesquisador”, reforça. 

Segundo o coordenador, a pesquisa clínica representa hoje uma das frentes em expansão dentro da rede. “Essa é uma das áreas mais desafiadoras e promissoras dentro da rede hoje. A pandemia nos mostrou como a ciência pode responder rapidamente a problemas complexos. Mas diariamente enfrentamos doenças que ainda não têm solução. A pesquisa é o caminho”, afirma. 

Fonte: Saúde Business

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