Gerir uma empresa que traz consigo um grande legado requer uma dinâmica entre construção e desconstrução, preservação e inovação, história e renovação. A capacidade de honrar o passado enquanto se abraça o futuro é o que garante a perenidade do negócio, a sustentabilidade das relações, o engajamento das pessoas, e assim a sua relevância no mercado.
Esse é o desafio que encaramos todos os dias na gestão da Rede Mater Dei de Saúde, que completou 45 anos agora, em junho. Criada a partir do sonho do fundador, José Salvador Silva, de construir um novo e inovador modelo de cuidado e assistência médica no Brasil. O empreendimento começou em Belo Horizonte e hoje tem nove unidades pelo país, incluindo, em breve, uma décima em São Paulo. Cada hospital atua no sentido de ser referência para a sua comunidade, num posicionamento de instituição de saúde de excelência.
E essa excelência se deve aos nossos modelos de Governança Clínica e Corporativa, que equilibram desempenho clínico, operacional, e empresarial, fazendo com que os hospitais priorizem a eficiência por meio da integração da prática clínica e da gestão assistencial. Somado a isso, nosso foco em inovação também é um diferencial que vem atravessando gerações. Afinal, tradição não é sinônimo de ficar parado no tempo. Quando se trata da adoção de novas tecnologias, assumimos uma estratégia bimodal, que mantém as operações tradicionais, mas que também busca o desenvolvimento e a transformação na era digital.
Um exemplo atual disso é o uso de inteligência artificial (IA) na saúde, como forma de melhorar gestão, procedimentos e a experiência do paciente, em geral. Existem muitas oportunidades de usar essa tecnologia a nosso favor. Em 2023, 62,5% das instituições brasileiras já usavam o recurso de alguma forma, sendo a maioria deles em chatbots de atendimento, segundo mapeamento da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e da Associação Brasileira de Startups de Saúde (ABSS), feito com 45 hospitais.1
Já a pesquisa TIC Saúde, de 2024, cuja amostra foi maior – cerca de 2 mil estabelecimentos (públicos e privados) e 2 mil profissionais de saúde – apontou que somente 17% dos médicos e 16% dos enfermeiros no Brasil utilizavam IA generativa no dia a dia. Os principais usos foram em suporte à pesquisa (69%) e auxílio na criação de relatórios médicos (54%), e a adoção dessas soluções foi mais comum na rede privada.2 Isso demonstra o potencial da expansão do uso consciente e estratégico dessas ferramentas no cotidiano da medicina, representando uma maior democratização da excelência na assistência médico-hospitalar.
Na Rede Mater Dei, o uso da inteligência artificial já faz parte da rotina, como no aplicativo “Maria”, para coordenação do cuidado digital com equipe multidisciplinar, no Prontuário Inteligente, na Fila Virtual, e nos projetos de integração em nuvem e compartilhamento de dados, todos feitos em parceria com a empresa A3Data. Também contamos com robôs cirúrgicos de última geração e aparelhos para diagnósticos e tratamentos pioneiros – tudo com objetivo de oferecer o mais moderno aos nossos pacientes. A Rede Mater Dei se posiciona como integradora, fomentando parcerias com diversas instituições de vanguarda, com soluções que embarcam Inteligência Artificial para o benefício dos nossos pacientes, médicos e operadoras parceiras.
E nesse cenário de constante evolução, como líder de uma grande rede, além de implementar a inovação nas unidades de Mater Dei, levo a atualização contínua como uma forma de manter o histórico de excelência do que temos construído nos últimos 45 anos. Educação é uma constante em minha carreira e, por isso, sempre busco realizar diferentes cursos e formações – a última foi em abril deste ano, quando concluí o programa Owner President Management (OPM) de Harvard.
Da mesma maneira, a Rede Mater Dei busca trazer capacitação para nossos colaboradores, priorizando o oferecimento de cursos, pesquisas, treinamentos e congressos. Desenvolver o time é uma das nossas prioridades. Essa é uma forma de melhorar individualmente e, ao mesmo tempo, levar adiante o legado construído pelas gerações passadas. Sem lideranças capacitadas e coesas, que comungam do nosso propósito e valores, não há a construção de um futuro vitorioso.
É assim que vamos trabalhando e, juntamente a um robusto Conselho de Administração, observamos como os nossos esforços têm dado certo. Assumimos a diretoria executiva em novembro de 2023. Neste período temos feito um trabalho de continuidade, além de adaptações na governança e em estratégias que vêm impactando positivamente os nossos negócios e o setor.
No primeiro trimestre de 2025, nosso EBITDA atingiu R$97 milhões, superando as médias anteriores, além de apresentarmos uma redução no endividamento líquido. Nossos projetos estão maturando de forma acelerada, abrindo espaço para novos movimentos. Esse desempenho reflete a nossa crença em uma forte disciplina de capital, redução de custos, otimização de leitos e alto desempenho nas áreas clínica, cirúrgica e oncológica, além, claro, do fortalecimento das relações com o corpo clínico.
Com esse foco na longevidade do negócio, vejo a empresa trilhando um caminho virtuoso, num futuro próximo e nos vários outros anos que virão. A curto prazo, continuaremos trabalhando para fortalecer nossas unidades pelo Brasil, abrir novos mercados, como o de São Paulo, e acelerarmos o nosso crescimento. O nosso foco é mantermos a perenidade da Rede Mater Dei, e principalmente, o esforço contínuo para entregarmos o melhor para os pacientes e as suas famílias.
*José Henrique Salvador é CEO da Rede Mater Dei de Saúde.