Recentemente, acompanhei uma palestra do médico Peter Diamandis, considerado uma das principais vozes globais sobre a inovação exponencial. Suas projeções para o futuro da saúde são surpreendentes, tanto pelo potencial de transformação do setor quanto pela velocidade com que as mudanças acontecem.
Ele espera, por exemplo, que em dez anos tenhamos um século de progresso tecnológico. Em meia década, as inteligências artificiais alcançarão a capacidade cognitiva de toda a humanidade combinada. Isso traz implicações imediatas para o futuro do trabalho, dos negócios, da educação e, também, da saúde.
Temos inovações batendo à nossa porta, como tecnologias vestíveis capazes de monitorar nossa fisiologia 24 horas por dia, fazendo um check-up contínuo. Técnicas como o CRISPR, ferramenta de edição do genoma, trazem possibilidades surpreendentes para mudar o desfecho de uma série de doenças. E mesmo a extensão da longevidade é um desafio sobre o qual muitos especialistas se debruçam neste exato momento.
Mudará, também, o modelo de negócios, uma vez que muitas atividades de saúde sairão dos hospitais para ocorrer nas casas dos pacientes. Isso exigirá menos infraestrutura para as próprias instalações hospitalares e mais tecnologia, conhecimento e pessoas para que sigamos na liderança do melhor tratamento para o indivíduo, onde ele estiver.
Diante disso, a pergunta não é mais “se” essas mudanças virão, mas “quando” elas acontecerão. Aqui reside o grande desafio dos gestores de hospitais e instituições de saúde do país: onde estaremos no futuro do setor? Seremos os líderes dessas transformações ou correremos atrás dos avanços?
Ainda temos uma série de percalços a serem superados em nosso país, que segue bastante desigual na disponibilidade dessas tecnologias para toda a população. Sem contar também as dificuldades que enfrentamos na sustentabilidade econômica, diante de um financiamento estatal insuficiente e da necessidade de avanços na relação com as operadoras.
Apesar dos desafios, é nossa missão sermos agentes da transformação, dentro da realidade das nossas instituições. E isso já está acontecendo: por exemplo, o mais recente ranking dos melhores hospitais do mundo, realizado pela revista Newsweek, colocou 22 centros médicos brasileiros entre os destaques globais.
O Rio Grande do Sul também tem se destacado, reunindo, da capital ao interior, instituições de referência internacional em qualidade na assistência. Em Porto Alegre, os hospitais representados pelo SINDIHOSPA vêm registrando conquistas importantes, como centros altamente especializados, profissionais de destaque e conexão com universidades que estão entre as melhores do mundo.
Inovações como a inteligência artificial já fazem parte do nosso cotidiano, contribuindo na busca de melhores desfechos, otimizando a atuação dos médicos e, também, permitindo dar passos consistentes na direção de uma saúde cada vez mais preditiva e preventiva.
Se na pandemia vimos avanços extraordinários ocorrerem de forma acelerada, a tendência para os próximos anos é de transformações muito mais céleres. Atualize-se, prepare suas lideranças e estruturas para o que virá pela frente. Isso determinará o lugar onde você e seu hospital estarão quando o futuro chegar.
*Daniel Giaccheri é vice-presidente do Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa) e fundador do São Pietro Hospitais e Clínicas