O sabor amargo da Kraft Heinz na Berkshire Hathaway: gestora reconhece perda de US$ 3,8 bilhões

A Berkshire Hathaway, gestora do megainvestidor americano Warren Buffett, continua sofrendo com as más consequências do seu investimento de décadas na Kraft Heinz. A companhia reconheceu uma baixa contábil de US$ 3,8 bilhões pela sua participação na gigante de alimentos, segundo documentos regulatórios divulgados neste sábado (2).

Analistas ouvidos pela Bloomberg afirmam que essa baixa já poderia ter acontecido. Kyle Sanders, analista da assessoria de investimentos Edward Jones, aponta que a Berkshire ganha agora mais flexibilidade para sair da posição na empresa. “Este é um dos maiores deslizes de Warren nas últimas décadas; talvez seja hora de seguir em frente”, disse.

A Berkshire já havia reconhecido uma perda no valor do negócio em 2019, de US$ 3 bilhões. Segundo os documentos regulatórios, a empresa chegou a considerar manter o investimento até que o seu “valor justo” excedesse o valor contábil. No entanto, diante das incertezas econômicas e do desempenho operacional e financeiro da empresa, a avaliação final foi de que as perdas não eram mais temporárias.

Ainda de acordo com os documentos divulgados hoje, o caixa da Berkshire caiu 1% no trimestre encerrado em junho, para US$ 344 bilhões. Já o lucro operacional recuou 3,8%, para US$ 11,16 bilhões. Com uma postura mais cautelosa em relação ao mercado, a gestora vendeu cerca de US$ 3 bilhões em ações de outras empresas, de acordo com a Bloomberg.

O efeito das tarifas de Trump

A empresa de investimentos de Buffett também afirmou que a guerra comercial travada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, afetou os seus negócios. Até junho, as receitas de algumas subsidiárias de consumo recuaram, em parte por reestruturações e pela incerteza da guerra comercial.

A própria gestora também alertou que questões geopolíticas e macroeconômicas podem ter novos impactos nos resultados daqui em diante. “O ritmo dessas mudanças — incluindo tensões decorrentes de políticas comerciais internacionais e tarifas — acelerou nos primeiros seis meses de 2025”, afirmou a empresa.

A Berkshire admitiu ainda que não sabe qual serão os efeitos da nova política tarifária de Trump sobre seus resultados. “Atualmente, não somos capazes de prever com confiabilidade a natureza, o momento ou a magnitude das possíveis consequências econômicas dessas mudanças, nem seus impactos em nossas demonstrações financeiras.”

Fonte: Invest News

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