O impacto de Superman, O Filme na vida do jornalista Roberto Sadovski

Já adolescente, a escolha de cursar jornalismo era óbvia, e durante a faculdade arriscava escrever sobre os filmes que devorava em fanzines e jornais universitários. A TV aberta era, então, fonte de filmes de todas as épocas que me mantinham acordado ao longo das madrugadas, e a chegada das videolocadoras preencheu lacunas – meu pai insistia que eu sempre alugasse um clássico junto com os lançamentos. Minha vida profissional, então no chão da fábrica do jornalismo, era temperada por pedidos ao editor do caderno cultural para também escrever sobre cinema.

Foi nessa convergência entre vida profissional e paixão pessoal que terminei como editor de SET, revista sobre cinema que há vários anos acompanhava como leitor. Tempos depois, ao assumir o comando da revista, coloquei Christopher Reeve na capa: eram os 25 anos de “Superman, o Filme”, finalmente lançado em DVD no Brasil. A essa altura, o filme de Richard Donner já se tornara um clássico do cinema moderno, inspirando outros diretores e se tornando o blueprint do filme de super-heróis moderno.

Revista home, a aventura não envelheceu nem um segundo – maior prova de que a única régua que garante o lugar de um filme na história é a forma como ele é contado. Existe em “Superman” uma qualidade fantástica que vai além do óbvio – temos, afinal, um sujeito fantasiado voando entre as nuvens. Donner entendeu o espetáculo mas injetou nele capital humano, representado na paixão de Clark Kent por Lois Lane e também pela humanidade. Sem ironia ou cinismo, seu Superman só queria fazer a coisa certa. Impossível não torcer por ele. Impossível não subir aos céus com ele.

O diretor Richard Donner conversa com Christopher Reeve nas filmagens de ‘Superman, O Filme’ Imagem: Warner

Em 2017 fui fazer uma palestra em Salvador. Um amigo me levou a um “tour” pela cidade, que eu não visitava há décadas. No Centro, pedi para ele encostar na calçada do hoje Cine Glauber Rocha, que em abril (ou maio) de 1979 ainda se chamava Cine Guarani. O lugar em que tudo ficou claro para mim. Fiz uma foto e fui embora, tomado pelas lembranças. Kléber Mendonça Filho acertou em cheio ao evocar esse mesmo sentimento em “Retratos Fantasmas”.

O momento mais surreal que “Superman” trouxe em minha vida ocorreu, contudo, alguns anos antes. Eu conheci a produtora Lauren Shuller-Donner quando visitei as filmagens de “X-Men” em 2000, e nossos papos se tornaram mais ou menos frequentes quando fui ao set de “X2” anos depois. Por conta do trabalho em SET, estava praticamente todos os meses em Los Angeles.

Fonte: UOL

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