eue sejamos claros desde o início: o risco é elevado. Existe um risco muito real de que a atenção que Donald Trump dá ao Médio Oriente se desvaneça, a partir do momento em que as negociações indirectas organizadas no Egipto entre os israelitas e os representantes do Hamas, que os israelitas tentaram assassinar no Qatar em 9 de Setembro, produzam resultados. O tipo de resultados visíveis e concretos que o presidente dos Estados Unidos pode elogiar ruidosamente na sua plataforma de redes sociais. Ou, talvez, depois da atribuição do Prémio Nobel da Paz.
Os resultados mais esperados são conhecidos: o fim da guerra e a libertação dos reféns. Quanto mais cedo, melhor, dada a destruição em curso na Faixa de Gaza, onde civis israelitas, que foram capturados em 7 de Outubro de 2023, também continuam mantidos prisioneiros. Acabar com o sofrimento é uma prioridade absoluta. No entanto, acreditar que apenas conseguir isso seria suficiente é uma fantasia.
É aqui que entra a questão da desmilitarização do Hamas. A ideia tornou-se agora objecto de um raro consenso internacional, mesmo entre países que há muito simpatizam com o grupo, tal como existe agora consenso sobre o princípio de excluir o Hamas da futura administração de Gaza. A hegemonia militar israelita foi reforçada pela inteligência artificial e libertou-se das leis da guerra, como ilustrado pela sua “doutrina Dahiya” de destruição desproporcional e indiscriminada. Numa tal época, que vantagem comparativa ainda oferece o tipo de luta armada praticada pelo Hamas, especialmente quando viola tão flagrantemente o direito humanitário internacional?
Beco sem saída estratégico
Apesar do horror a que o seu bárbaro ataque de 7 de Outubro lançou os palestinianos em Gaza, o Hamas afirmou não ter lido os pontos sete e 13 do plano de Trump, que foi tornado público em 29 de Setembro. Esta negação e evitação realçam a escala dos desafios que temos pela frente.
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Fonte: Le Monde