No GPA, CEO do Casino tem encontro com família Coelho Diniz

A chegada de Philippe Palazzi, o todo-poderoso do Casino, ao Brasil movimentou os bastidores e deu gás às especulações sobre a venda da fatia do grupo francês no GPA. Nos últimos dias, rumores e reportagens indicaram ao menos quatro interessados em avaliar o grupo dono das redes Pão de Açúcar e do Extra – o suficiente para empurrar as ações a uma disparada de mais de 40% em um mês.

Foram dois dias do executivo no país. Mas nenhum encontro foi com algum dos interessados, segundo interlocutores ouvidos pelo InvestNews. A única reunião de Palazzi sem ser com a gestão do GPA foi justamente com seus novos sócios mais relevantes no negócio: a família Coelho Diniz

Palazzi e os Coelho Diniz se reuniram no escritório do Itaú BBA, um dos bancos com quem o grupo francês trabalha e uma espécie de “território neutro” para os participantes. O encontro serviu para o CEO do Casino conhecer os mineiros, sem necessariamente partir para uma conversa sobre a venda de sua fatia.

Atualmente, o Casino tem 22,5% do GPA.  O grupo francês detinha 41%, mas diluiu sua participação em março de 2024, quando o GPA fez um follow-on de R$ 700 milhões, a R$ 3,20 por ação. Deixou de ser o acionista controlador e, agora, está atrás justamente da família Coelho Diniz, que em agosto deste ano passou a deter 24,6%.  

“Foi uma conversa muito respeitosa e produtiva”, diz uma pessoa próxima aos mineiros. Hoje, porém, se algum acionista superar os 25% de participação, terá de fazer uma oferta para aquisição total do GPA, devido à cláusula de poison pill – uma operação que ficaria bem cara. 

O Casino já declarou que quer sair da operação brasileira, com o intuito de focar nos negócios na França, onde enfrenta uma grande reestruturação dos negócios. Parte do desafio de Palazzi e seu time é reduzir o endividamento para o cumprimento dos “convenants” junto aos credores.

Ainda assim, segundo pessoas próximas ao grupo francês, “não há pressa para a venda”. Um dos argumentos é que, nas condições atuais, o valor de sua fatia no GPA não traria um alívio significativo ao endividamento do Casino.

A alavancagem, que é a relação entre dívida líquida e o Ebitda ajustado, está em 9,75x, ainda muito elevada, mas melhor do que os 14,63x registrados no primeiro trimestre. Até 30 de setembro, o patamar de convenant é apenas um indicativo, mas, a partir dali, o grupo precisará manter esse indicador igual ou abaixo de 8,34x, o que seria suficientemente coberto pelas projeções do Casino para geração de Ebitda no terceiro trimestre. Até o fim do ano, o indicador deverá chegar a 7,17x.

“Não tem urgência, porque há uma forte convicção de que tem ainda um valor significativo travado no preço de tela”, diz uma pessoa familiarizada com o Casino. Pelo tamanho da fatia, o Casino levantaria algo em torno de 70 milhões de euros pelo preço da ação atual, ou pouco mais de R$ 450 milhões, dada a cotação atual. Atualmente, a dívida líquida do grupo francês está em 1,4 bilhão de euros.

Possíveis interessados

De acordo com reportagem do Pipeline, site do Valor Econômico, o Supermercados BH e o Cencosud teriam avaliado comprar participação no GPA. 

Nesta segunda-feira (15), reportagem do Valor aponta que o Supermercados BH não havia levado as conversas em diante. As redes de atacarejo Spani e Roldão teriam sido sondadas para analisar os números, mas o Roldão não teria interesse, segundo o jornal.

Interlocutores do Casino afirmam que o ativo constantemente gera interesse, por seu posicionamento com as classes A e B e a penetração do mercado de São Paulo, mas não há, neste momento, conversa com potenciais compradores. 

No ano, o GPA acumula uma valorização de 54%, com a ação cotada a R$ 4,06 e um valor de mercado de pouco menos de R$ 2 bilhões. 

Fonte: Invest News

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