A fintech brasileira Neon fechou o primeiro semestre de 2025 com prejuízo de R$ 35 milhões, perda significativamente menor do que os R$ 265 milhões de prejuízo registrados no primeiro semestre do ano passado. Além disso, a receita com intermediação financeira subiu 64% na comparação anual, para R$ 1,7 bilhão.
Os números mostram que a empresa está amadurecendo, saindo da adolescência e entrando na vida adulta, conforme a analogia usada por Wilton Pinheiro, VP de Produtos e CTO da Neon, em entrevista ao InfoMoney. “Somos aquele adolescente que começou a fazer um dinheirinho, mas ainda perde um pouquinho mais do que ganha”, diz.
Este foi o melhor desempenho semestral da história da fintech, fundada em 2016. A companhia alcançou lucro nos últimos dois meses de 2024 e no primeiro trimestre de 2025. No segundo trimestre, voltou a dar prejuízo, o que já era esperado, segundo Pinheiro: “tivemos o foco de provar que nosso modelo de negócio dá lucro e demos lucro, o segundo trimestre já era esperado e, na verdade, estamos melhor do que o projetado para este ano e agora o foco é no amadurecimento”.
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O amadurecimento da Neon tem dois pilares: eficiência operacional e crédito inteligente. O crescimento de receita da fintech foi maior do que o crescimento dos custos (16%), fator que Pinheiro credita ao fluxo de trabalho e atração de talentos da companhia: “temos um processo seletivo muito criterioso, com foco muito grande em trazer pessoas melhores do que a média, temos um feedback de que estamos fazendo mais com menos”.
O VP de Produtos da companhia diz que parte importante do seu trabalho é a capacidade de traçar prioridades para separar o que é uma “alavanca que vai mudar o negócio” do que é distração”.
Na parte de cartão de crédito, crédito pessoal e consignado, a fintech vem aprovando crédito com mais inteligência, segundo o executivo. A carteira de crédito da companhia chegou a R$ 7 bilhões, crescimento de 17% na comparação com o primeiro semestre de 2024, com participação majoritária do cartão (R$ 5,4 bilhões).
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Segundo Pinheiro, a instituição financeira vem encontrando o ponto de equilíbrio entre “um crédito que não é baixo demais, porque aí o cliente não vai usar nossa opção, nem alto demais, onde minha carteira começa a tomar um risco que eu não quero”. Esse ajuste fino vem sendo feito com análise de dados, inteligência artificial e machine learning.
Confira os principais números da Neon no primeiro semestre de 2025:
Dado | Valor no 1S25 | Variação (vs 1S24) |
Prejuízo | R$ 35 milhões | -86,70% |
Carteira de crédito | R$ 7 bilhões | 19% |
Receita em intermediações financeiras | R$ 1,7 bilhão | 64% |
Novas contas | 2,4 milhões | 23% |
Em um cenário macroeconômico desafiador, com juros altos e inadimplência crescente, a Neon decide sobre o aumento ou redução de limite dos clientes de maneira recorrente, com um time dedicado a isso, e, para novos clientes, tem a estratégia de não dizer “não” a ninguém. Para clientes com perfil mais arriscado, há a opção do Viracrédito Neon, que dá limite proporcional ao montante que o consumidor tem guardado em sua conta na fintech.
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O objetivo da Neon é ser a fintech da classe média brasileira. Para isso, promove, a partir desta segunda-feira (29), um rebranding com o mote “Pra Você Viver no Azul”, que coincide com o momento da companhia, prestes a operar no azul com mais consistência. A ideia é dialogar melhor com os públicos C+ e B-.
Segundo Pinheiro, a liderança da companhia percebeu que a comunicação visual antiga não dialogava com o público-alvo da empresa: “respeitamos a marca anterior, ela teve um papel essencial para a gente, mas precisamos de uma marca que transpareça uma visão de prosperidade, de esperança, a Neon está prosperando e amadurecendo, assim como nossos clientes”.
Na nova comunicação, confiabilidade e flexibilidade são palavras-chave. “Hoje, quando entrevistamos nossos clientes, uma das principais razões para escolherem a Neon é que encontram aqui um lugar seguro, que conseguem conversar quando têm um problema e podem confiar o dinheiro deles”.
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Pinheiro ainda fala sobre o papel da flexibilidade na relação com a classe média: “e se eu quiser pagar a fatura do meu empréstimo pessoal semanalmente porque tenho uma renda variável? São coisas que fazemos que já traduzimos em marca.”
Riscos para a Neon
Na trajetória de amadurecimento da fintech, a menor penetração é uma das preocupações para o futuro. “Temos uma marca ainda menos conhecida e uma base menor que os grandes incumbentes do Brasil e isso é uma ameaça”, reconhece Wilton Pinheiro.
O caminho para a Neon é continuar focando no ganho de eficiência e trazendo soluções para os mais de 32 milhões de clientes da fintech, segundo Pinheiro: “estamos focando no cliente, tentando resolver os problemas deles e, entregando um bom produto, o resto vem”, diz o CTO.
Fonte: Info Money