Ex-presidente sinaliza em ato que não deverá ser candidato ao Planalto em 2026 e pede 50% na Câmara e no Senado para “mudar o Brasil”
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, em ato na avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (29.jun.2025), que nem precisa ser presidente, mas pediu aos apoiadores que deem 50% do Câmara e do Senado nas eleições de 2026 para “mudar o Brasil”.
Bolsonaro discursou no 7º ato desde que deixou a Presidência em 2022. Segundo o ex-presidente, se a direita quer o time seja campeão, é preciso “investir” e entender que “as coisas não acontecem de uma hora para outra”.
“Não interessa onde eu esteja, não interessa a covardia que, por ventura, façam comigo. O objetivo final não é prender, é eliminar”, disse Bolsonaro. “Não posso fugir da responsabilidade, da verdade. Se vocês me derem, por ocasião das eleições do ano que vem, 50% da Câmara, 50% do Senado, 50% do Congresso, eu mudo o destino do Brasil”, completou.
A manifestação foi marcada por críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em especial pelo aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e o caso de desvios em aposentadorias do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), e ao STF (Supremo Tribunal Federal).
O PoderData mostrou, em 6 de junho, que o trabalho dos ministros do STF é avaliado como “ruim” ou “péssimo” por 41% dos entrevistados. Bolsonaro virou réu na investigação de envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2022.
Mais cedo, antes do discurso de Bolsonaro, ele interrompeu a fala do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), em inglês, para dizer: “make Brazil great again”, uma adaptação do slogan norte-americano “Make America Great Again”, frequentemente usada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicano).
PERSEGUIÇÃO
Bolsonaro defendeu que é alvo de perseguição da Justiça. Disse que várias investigações foram arquivadas por faltas de provas e que espera que o mesmo procedimento seja feito com a análise sobre tentativa de golpe de Estado. Relembre algumas investigações feitas contra o ex-presidente:
- caso da baleia – ex-presidente teria importunado uma baleia jubarte em São Sebastião, em São Paulo, em junho de 2023. O Ministério Público Federal arquivou o caso;
- cartão de vacinas – Moraes arquivou a investigação sobre a inserção de dados falsos a respeito das vacinas contra a covid-19 no sistema do Ministério da Saúde;
- joias – o TCU (Tribunal de Contas da União) decidiu manter o entendimento de que presentes recebidos por presidentes e vice-presidentes da República não são patrimônio público. Em março de 2025, Bolsonaro disse que “acabou a história de joia”. A PF (Polícia Federal) indiciou em julho de 2024 o ex-presidente Jair Bolsonaro no inquérito que apura a venda ilegal de joias da Arábia Saudita no exterior;
- declaração de 7 de setembro – Bolsonaro criticou o ministro do STF Alexandre de Moraes e as urnas eletrônicas em 2021. A Justiça arquivou o caso;
- extradição de Allan dos Santos – Justiça não viu crime de prevaricação e de responsabilidade por parte de Bolsonaro por omissão no cumprimento do pedido de extradição do blogueiro fundador do Terça Livre;
- comentário sobre apoiador e arrobas – Bolsonaro insinuou que um apoiador pesava “mais de 7 arrobas”. A Justiça arquivou o caso por entender que não houve crime de racismo;
Além destes casos, Bolsonaro afirmou que foi perseguido pelos adversários políticos e pela imprensa por causa da morte da ex-vereadora Marielle Franco (Psol-RJ). A Justiça entendeu que os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão foram os responsáveis.
GOLPE DE ESTADO
A 1ª Turma do STF Interrogou réus do núcleo crucial na ação penal por tentativa de golpe de Estado, entre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Assista aqui a íntegra.
Segundo a PGR, os integrantes desse grupo teriam sido responsáveis por liderar as ações da organização criminosa que tinham como objetivo impedir a posse de Lula.
Na 6ª feira (27.jun.2025), Moraes deu prazo de 15 dias para que as partes envolvidas na ação penal apresentem suas alegações finais.
ATO NA PAULISTA
Os apoiadores do ex-presidente levantaram cartazes em inglês e bandeiras de Israel. Uma das placas reivindica a retomada da direita e do “conservadorismo” faz menção ao filme Ainda Estou Aqui– que retrata justamente o assassinato de Rubens Paiva por agentes do regime militar em 1971.
Os apoiadores do ex-presidente estenderam fotos de presos pelo 8 de Janeiro. Nas imagens, escreveram, em inglês, o tempo de prisão dos detentos. Poucas horas antes do ato pró-anistia, Bolsonaro escreveu no X que a “Terra Prometida do Ocidente deve ser livre e do povo de bem”.
Além de pedir a anistia para presos pelo 8 de Janeiro, a manifestação também criticou o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e as fraudes no INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social).
Fonte: Poder 360