Luta de Classes tem Spike Lee e Denzel em trama sobre amizade

Lee toma o tempo necessário para construir um universo em que as tensões são postas na mesa. David passa por um momento de crise, pois seus sócios querem vender a empresa para um grupo que vai focar no lucro, nos números e não para a alma dos artistas contratados. Ele defende que nem todo dinheiro é bom e, apesar de estar prestes a vender sua parte da empresa por uma fortuna, ele quer comprar parte de um dos sócios para ter poder de decisão na venda. Para isso, também precisa convencer sua mulher, Pam (Ilfenesh Hadera), que, apesar do risco, não está pondo o futuro da família em risco.

Mas a pequena fortuna que levanta para isso é colocada em risco quando seu filho adolescente Trey (Aubrey Joseph) é sequestrado. Se o caos já estava instalado, tudo piora quando a polícia resgata o garoto ou, na verdade, descobre que a pessoa errada foi sequestrada. Na verdade, Kyle (Elija Wright), melhor amigo de Trey, é quem foi levado. Só que Kyle é filho do amigo de infância e assistente geral de King, Paul Christopher, vivido por Jeffrey Wright, que na vida real é pai de Elija Wright.

Jeffrey Wright em cena de "Luta de Classes", novo filme de Spike Lee
Jeffrey Wright em cena de “Luta de Classes”, novo filme de Spike Lee Imagem: Divulgação / AppleTV+

É então que o conflito real do filme se apresenta. King entra em um dilema moral. Usa os 17,5 milhões de dólares pedidos para o resgate para trazer de volta o filho do amigo e arruína seus planos de negócio ou faz a coisa certa? No filme de Kurosawa o dilema está instalado e a dúvida de Gondo tomava boa parte da trama. Já na versão de Lee, a questão é resolvida mais rápido, mas não sem antes se levantar o quanto fazer ou não o que é certo hoje em dia está ligado à opinião pública.

King, assim como o próprio Denzel, é um cara offline, não tem redes sociais e valoriza a artesania da música, ainda que tenha se tornado um grande executivo. Mas ao hesitar, é confrontado inclusive pelo próprio filho, que já sente o ódio dos posts nas redes sociais, o futuro cancelamento e julgamento popular caso o pai não pague o resgate do amigo. Lee atualiza o drama moral e traz ainda a crise da arte, em tempos em que a música tem se tornado cada vez mais um negócio.

Questionado por Splash se hoje estamos muito reféns da opinião e do julgamento que a opinião do “tribunal das redes sociais” exerce, Denzel retrucou: “Quem está? Eu não tenho redes sociais. Eu não sou sortudo por isso. É uma escolha. Todos nós temos essa escolha. Você é uma vítima, você é escrava das mídias sociais? O que você é?”.

Fonte: UOL

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