O recuo reflete principalmente o impacto dos juros altos, que elevaram a despesa financeira, e a menor contribuição das vendas de galpões no período. Segundo o CFO Rafael Saliba, o ambiente macroeconômico desafia a estratégia de monetização de ativos.
“Com a Selic alta, os investidores que compram nossos galpões exigem retornos maiores, o que torna o ambiente mais desafiador, mas seguimos conseguindo vender em patamares rentáveis”, disse.
A reciclagem de ativos segue como peça central na estratégia da Log CP. No trimestre, a empresa vendeu R$ 425 milhões em galpões, liberando capital para novos projetos e ajudando a sustentar o capex anual, que gira em torno de R$ 800 milhões.
Além das vendas, a Log vem fortalecendo uma terceira frente do negócio, voltada para serviços de administração de condomínios e gestão de ativos. Essa unidade de negócios já cobre 36% das despesas administrativas (SG&A), e a meta é chegar a 100% nos próximos anos, aumentando a previsibilidade da receita em um setor intensivo em capital.
Aluguéis em alta
Apesar da queda no lucro, a receita de aluguéis e serviços subiu 15%, para R$ 61,5 milhões, impulsionada por reajustes de contratos e pela vacância mínima de 0,93%, muito abaixo da média do setor, de 7,5%. A ocupação elevada reflete um mercado de galpões ainda aquecido, sustentado pela demanda de varejistas e empresas de e-commerce que buscam proximidade com os grandes centros consumidores.
A companhia também vê espaço para reajustar preços em parte do portfólio. Um piloto realizado em 20% da área locada apontou potencial de até 40% de aumento no ticket médio de aluguel, já que contratos de longo prazo ficaram defasados em relação ao mercado, que teve valorização de cerca de 25% nos últimos dois anos.
Estratégia de longo prazo
A companhia está no início do plano “Log 2 Milhões”, que prevê entregar 2 milhões de m² de galpões até 2028, após ter concluído um ciclo de 1,5 milhão de m² em 2024. A Log aposta em seu modelo integrado – que abrange compra do terreno, construção, locação e gestão – e em baixo custo de obra para manter margens elevadas.
A alavancagem fechou o trimestre em 1,7 vez o lucro operacional (Ebitda), mas cai para 0,9 vez ao considerar vendas assinadas que só serão reconhecidas nos próximos meses.
Para os trimestres seguintes, o CFO diz que a empresa pretende manter o ritmo de vendas estratégicas para financiar novas entregas e continuar ajustando gradualmente os preços dos contratos antigos, de olho na valorização do mercado.
“A combinação de vacância mínima, reajustes de aluguel, vendas de galpões e expansão da receita de serviços cria um ciclo que nos permite crescer com disciplina mesmo em um cenário de juros altos”, resume Saliba.
Fonte: Invest News
