Liderança ativa muda perfil do pronto-socorro do Hospital São Paulo

O Hospital São Paulo, vinculado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), passou por uma transformação em sua unidade de emergência. A mudança, iniciada no final de 2022, teve como objetivo central reorganizar o atendimento para priorizar casos de alta complexidade e fortalecer a missão acadêmica da instituição. 

“Não se tratou apenas de uma reforma física, mas de uma nova forma de enxergar a unidade de emergência”, afirmou Eduardo Alexandrino Medeiros, diretor técnico do hospital, durante o Lean Summit 2025. Segundo o executivo, a proposta foi integrar o pronto-socorro ao Sistema Único de Saúde (SUS), evitando a sobrecarga com casos leves.

“Queríamos deixar de gastar energia desnecessária com atendimentos simples e focar naquilo que é nossa missão: casos graves e complexos”, explicou. 

Estrutura modernizada e protocolos baseados em evidências 

A unidade ganhou banheiros acessíveis, áreas separadas para adultos e crianças e uma sala vermelha para emergências críticas. “Hoje temos duas portas de entrada: uma para ambulâncias e outra para livre demanda, com triagem médica rigorosa”, detalhou Medeiros. Essa mudança visa reduzir filas, aumentar a resolutividade e melhorar a integração com serviços como SAMU e Corpo de Bombeiros. 

Além da infraestrutura, a gestão implementou protocolos clínicos baseados em evidências científicas. “A tomada de decisão precisa ser fundamentada em ciência, não em achismos”, destacou o diretor. 

Liderança e gestão: pilares da transformação 

A mudança exigiu liderança ativa e gestão participativa. “Não basta ter estrutura física; é preciso engajar 4.500 profissionais de enfermagem, 1.200 residentes e mais de mil alunos”, ressaltou Medeiros. O processo incluiu: 

  • Definição de objetivos estratégicos claros 
  • Comunicação interna contínua para reduzir resistências 
  • Protocolos clínicos baseados em evidências científicas 
  • Capacitação em gestão para médicos e líderes de equipe 

“Muitos médicos assumem cargos de gestão sem formação específica. Trabalhamos para mudar isso, trazendo ferramentas de gestão e cultura de melhoria contínua”, afirmou. 

Desafios financeiros e missão acadêmica 

Apesar dos avanços, o hospital enfrenta desafios econômicos. “Uma consulta de emergência é remunerada em apenas R$10 pela tabela SUS, valor muito inferior ao custo real do atendimento”, alertou Medeiros. Essa realidade pressiona a sustentabilidade do serviço, que também é responsável pela formação de profissionais. O Hospital São Paulo mantém 95 programas de residência médica, sendo o maior do país. 

“As salas do hospital são nossas salas de aula. A formação acontece à beira do leito, com casos reais”, reforçou Medeiros, lembrando que a instituição alia assistência, ensino e pesquisa. 

Impacto esperado 

Com a reestruturação, a expectativa é reduzir o tempo de espera, aumentar a qualidade assistencial e garantir maior satisfação da equipe. “Queremos consolidar um modelo que una eficiência, humanização e ensino de excelência”, concluiu. 

Fonte: Saúde Business

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