Lady Gaga no Rio aquece demanda por serviços e preços disparam; vai mexer no PIB?

Ambulante vende itens alusivos à estrela pop Lady Gaga do lado de fora do hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro –
28/04/2025 (Foto: REUTERS/Aline Massuca)

“Gagacabana”: é assim que a internet batizou a passagem da cantora Lady Gaga pelo Rio de Janeiro. Um evento que não se resume apenas ao dia do show da diva pop em si e inclui o antes e depois da apresentação, que acontece no meio de mais um feriado prolongado no Brasil. Se a previsão de público de 1,6 milhão de pessoas se concretizar, o equivalente a 25% da população da cidade do Rio de Janeiro estará em Copacabana no próximo sábado (3).

A prefeitura carioca espera que o megaevento mexa com os ponteiros da economia, movimentando mais de meio bilhão de reais, superando em 27,5% o impacto econômico do show de Madonna, no ano passado.

A prévia mais recente da pesquisa feita pelo HotéisRio, sindicato patronal do setor hoteleiro, mostra que a taxa média de ocupação chegou a 71,4%. No ano passado, para o show da Madonna, a ocupação chegou a 83,72% no fim de semana do show.

“Não tenho dúvidas de que o show de Lady Gaga é capaz de superar a ocupação do show de Madonna”, afirma Alfredo Lopes, presidente do HotéisRio. “E o feriado vai colaborar para uma estadia estendida, com um maior número de diárias ocupadas”. O setor comemorou ao saber que os megashows em Copacabana entraram oficialmente no calendário de eventos do Rio, em um período no qual a taxa de ocupação costumava cair, em função da baixa temporada.

“O resultado de um final de semana de um show como esse equivale a uma semana inteira de ocupação de hotelaria, porque as diárias são mais elevadas”, explica Lopes.

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A plataforma de locações por temporada AirBnB informou que a procura por acomodações no Rio de Janeiro, para o fim de semana de show, quase quadruplicou. Com a maior demanda, os preços de hospedagem também dispararam. Em uma rápida pesquisa na plataforma, o InfoMoney verificou que dormir em Copacabana apenas na noite do show pode custar mais de R$ 5 mil para um casal, em um apartamento a poucos metros da apresentação.

No domingo passado, o Procon-RJ instaurou processo administrativo para investigar supostas práticas abusivas por parte de plataformas de locação de imóveis por temporada na capital.

O transporte rodoviário, opção que costuma ser mais em conta para quem se descola de São Paulo ao Rio, por exemplo, também está hiperinflacionado. Um assento em ônibus semileito saindo da rodoviária do Tietê com destino a Novo Rio na noite anterior ao show não sai por menos de R$ 200 e pode chegar a R$ 900 na modalidade leito cama. A mesma viagem, uma semana depois, no dia 9 de maio, não ultrapassa os R$ 400 para o trecho e há opções de semileito por menos de R$ 100. A pesquisa foi feita pela reportagem no agregador Quero Passagem.

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A plataforma de viagens Kayak registrou um aumento de 49% na busca por passagens aéreas para o Rio, desde que Lady Gaga foi confirmada como atração deste ano em Copacabana. Os preços, na média, subiram 41%.

Promessa de economia aquecida

Lady Gaga se apresenta no festival Coachella, na Califórnia (Foto: Redes sociais | @coachella)

Os supermercados do bairro de Copacabana projetam um aumento de até 30% nas vendas durante o fim de semana do show da cantora Lady Gaga, neste fim de semana. “Água é um dos itens com maior reforço nos estoques. Salgadinhos e frios também devem impulsionar as vendas”, diz a nota da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (ASSERJ).

Para o Sindicato dos Lojistas do Comércio do município, a esperança com vendas maiores durante o “Gagacabana” se soma às expectativas de faturamento com o domingo da semana seguinte, o Dia das Mães, a segunda data mais importante para o comércio e os serviços.

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A concessionária Orla Rio, que administra mais de 300 quiosques nas praias cariocas, estima um aumento de até 40% na receita desses estabelecimentos. Quatro a cada dez quiosques reforçaram equipes, contratando, em média, dois profissionais temporários.

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Marcas se movimentam em torno do show

Oficialmente, 12 marcas estão envolvidas com a realização do evento. O patrocinador “master” é a cerveja Corona, um dos principais rótulos premium da Ambev (ABEV3). A lista de patrocinadores também é encabeçada por Santander Brasil (SANB11) e pela companhia aérea Latam, que voltou a vincular seu nome a grandes eventos, como Rock in Rio, The Town e Primavera Sounds, depois que saiu do chapter 11 em 2022.

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Outras três marcas do universo Ambev também financiam o espetáculo da Mother Monster: Zé Delivery, Guaraná Antarctica e Beats, de bebidas prontas. C&A, Tresemmé, 99 e Eventim entram como apoiadoras. Deezer, é o player oficial do evento e a Klefer Sports Marketing é parceira comercial do projeto. A empresa do ex-presidente do Flamengo, Kleber Leite, também é parceira da Bonus Track no consórcio responsável pela execução do novo Canecão, a icônica casa de shows carioca, que está sendo reconstruída.





Mas ainda que não tenham vínculo direto com o megashow de Lady Gaga, outras empresas também estão preparando ações promocionais no entorno do evento para ganhar apelo entre o público que estará no Rio de Janeiro para a apresentação gratuita da cantora no palco montado na praia. O Grupo Boticário montou um camarote em uma das coberturas mais próximas ao hotel Copacabana Palace e até lançou um concurso cultural na internet para levar cinco clientes para a estrutura.

Ao menos três marcas do grupo serão trabalhadas nos dias do “Gagacabana”. Lojas da Quem Disse, Berenice? vão oferecer serviços de maquiagem ao cliente, inspirados na cultura pop. A Vult fechou uma parceria com o setor hoteleiro e montou um ponto de experimentação, com duas maquiadoras, no Ibis Copacabana, aberto tanto para hóspedes quanto visitantes. Australian Gold vai apostar em uma ativação de skin test na rua, usando uma câmera para mostrar como um protetor solar age na pele – e distribuir amostras.

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A poucos dias da performance de Lady Gaga, a TIM (TIMS3) também anunciou uma promoção em suas redes sociais para levar 20 pessoas para uma festa em Copacabana, no Blue Note Rio, no mesmo dia do show.

Leia mais: Ela não deixou? Carmed da Lady Gaga é cancelado por ‘razões autorais e burocráticas’

As marcas também já estão de olho nas futuras apresentações da plataforma “Todo Mundo no Rio”.

“Seguiremos atentos aos movimentos da plataforma, sempre avaliando oportunidades que tenham sinergia com a nossa estratégia e com os interesses das nossas consumidoras”, afirma Bruna Lettiere, diretora de marketing da Tresemmé, uma das apoiadoras financeiras do evento.

Mas afinal, o Show da Lady Gaga vai refletir no PIB?

Em 2023, a turnê de Taylor Swift e outros shows internacionais que aconteceram no Brasil refletiram na Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Não é garantido, porém, que a mega apresentação de Lady Gaga também mexa nesses ponteiros. Os efeitos do megashow de Madonna em Copacabana, em maio do ano passado, não foram percebidos na pesquisa, por exemplo.

Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE, explica porque isso acontece.

“É uma pesquisa amostral, que acompanha um desempenho de um grupo de empresas. Então, quando empresas promotoras de shows estão dentro da pesquisa e recebem uma quantidade substancial de receita em função da ocorrência de um show, isso acaba aparecendo. Foi mais ou menos isso o que aconteceu no caso da Taylor Swift”, afirma. Foi a T4F quem trouxe a cantora ao Brasil em 2023.

A empresa responsável pela vinda de Lady Gaga para o Brasil este ano – e de Madonna, no ano passado – é a Bonus Track, de Luiz Oscar Niemeyer.

Leia mais: Quem é Luiz Oscar Niemeyer, o empresário que convenceu Lady Gaga a vir ao Brasil

“Mesmo que a empresa promotora do evento não esteja [na amostra], podemos apurar algum tipo de transbordamento. Com o grande fluxo de turistas na cidade [do Rio de Janeiro], a gente pode até não captar o crescimento de receita na área de produção de espetáculos, em particular, mas hotéis, restaurantes, prestação de serviços pode até crescer”, diz Lobo.

Hotelaria, alimentação e espetáculos de entretenimento se encaixam na parte de serviços prestados à família, um dos cinco segmentos da PMS – e o de menor peso no levantamento.

Fonte: Info Money

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