Israel diz que vai tomar o controle da Cidade de Gaza. O que isso significa?

O Gabinete de Segurança israelense aprovou na madrugada desta sexta-feira (8) um plano do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para expandir a ação militar na Faixa de Gaza, em uma decisão que contrariou a recomendação de seu comando militar.

O gabinete de Netanyahu afirmou em comunicado após a reunião que o exército israelense “vai se preparar para tomar o controle da Cidade de Gaza”.

O Hamas indicou em comunicado nesta sexta-feira que vai resistir a qualquer ofensiva israelense, alertando Israel que “não será um passeio no parque”.

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P: Por que Israel quer controlar a Cidade de Gaza?

R: Netanyahu disse em entrevistas na quinta-feira (7) que uma operação ampliada garantiria a segurança de Israel, expulsaria o Hamas do poder e permitiria o retorno dos reféns.

Nesta sexta-feira, após a reunião, seu gabinete afirmou que o conselho de segurança adotou “cinco princípios para concluir a guerra”, incluindo desarmar o Hamas, trazer de volta os reféns, desmilitarizar Gaza, estabelecer o controle de segurança israelense sobre o enclave e criar “uma administração civil alternativa que não seja nem o Hamas nem a Autoridade Palestina”.

O anúncio do gabinete pareceu evitar dizer que Israel tomaria o controle total da Faixa de Gaza, o que Netanyahu havia dito anteriormente ser seu plano.

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P: Onde está o exército israelense agora?

Palestinos na Cidade de Gaza correram para pegar suprimentos humanitários lançados por um avião na quinta-feira. Crédito… Saher Alghorra para o The New York Times

R: Após quase dois anos de guerra, o exército israelense diz controlar cerca de 75% de Gaza. A ONU afirma que mais de 86% de Gaza está dentro da zona militarizada israelense ou sob ordens de evacuação.

A principal parte fora do controle israelense é uma faixa costeira que se estende da Cidade de Gaza, ao norte, até Khan Younis, ao sul. Muitos dos 2 milhões de palestinos em Gaza se apertaram em tendas, abrigos improvisados e apartamentos nessa faixa de terra.

O gabinete de Netanyahu disse que o exército se prepararia para tomar o controle da Cidade de Gaza enquanto fornece ajuda humanitária à população civil fora das zonas de combate.

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P: O que isso significaria para os civis?

R: Para os civis em Gaza, a possibilidade de uma operação ampliada aumentou o medo de que muitos mais possam ser mortos e que suas condições de vida, já miseráveis, possam piorar ainda mais.

A crise humanitária em Gaza é devastadora, com muitas pessoas ficando sem comida por dias, segundo a ONU. Muitos moradores de Gaza foram deslocados mais de uma vez desde o início da guerra, e mais de 60 mil foram mortos, segundo as autoridades locais de saúde, que não distinguem entre civis e combatentes.

“Eles estão falando em ocupar áreas que estão lotadas de pessoas,” disse Mukhlis al-Masri, 34 anos, que deixou sua casa no norte de Gaza e agora está em Khan Younis, onde seis de seus parentes morreram em um recente bombardeio. “Se fizerem isso, haverá uma matança incalculável.”

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P: Quanto tempo levaria?

Sul de Gaza na semana passada, visto de um avião da Força Aérea da Jordânia que entregava ajuda humanitária. Crédito… Diego Ibarra Sanchez para o The New York Times

R: Provavelmente levaria dias ou semanas para o exército convocar as forças de reserva necessárias para avançar na Cidade de Gaza e para permitir a evacuação forçada de dezenas de milhares de palestinos das novas áreas de combate.

Se o governo decidir avançar mais, o exército acredita que poderia tomar as partes restantes de Gaza em meses.

P: Quem governaria?

R: Netanyahu disse nesta quinta-feira que Israel não quer ter autoridade permanente sobre Gaza. “Não queremos ficar com ela,” disse. “Não queremos governá-la. Não queremos estar lá como órgão governante. Queremos entregar para forças árabes.”

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Estados árabes poderiam concordar em participar de uma força internacional, possivelmente cuidando da segurança e da administração, talvez com forças de paz estrangeiras ou contratadas. Mas provavelmente eles quereriam aprovação e um papel para a Autoridade Palestina, que atualmente administra parte da Cisjordânia e governava partes de Gaza antes do Hamas assumir o poder em 2007.

Isso significa que a insistência do gabinete de segurança israelense em excluir a Autoridade Palestina de qualquer governo civil, conforme descrito no anúncio, pode dificultar ainda mais o engajamento internacional para seu plano controverso.

P: O que o Hamas fará?

R: Nesta sexta-feira, o Hamas disse que ocupar a Cidade de Gaza e evacuar seus moradores constituiria “um novo crime de guerra”.

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“Advertimos a ocupação criminosa que essa aventura criminosa terá um preço alto,” disse o Hamas em comunicado.

Os militantes não detalharam como responderiam. Mas o Hamas resistiu a pedidos de rendição durante toda a guerra e, apesar das pesadas perdas em sua liderança, continua recrutando novos combatentes.

P: Quem se opôs?

R: O chefe do Estado-Maior do exército israelense, tenente-general Eyal Zamir, está entre os que se opuseram ao plano de Netanyahu, segundo autoridades de segurança israelenses. Ele expressou preocupação de que operações ampliadas colocariam em risco os reféns, cerca de 20 dos quais ainda se acredita estarem vivos em Gaza, e que isso sobrecarregaria ainda mais os recursos e tropas já exaustos, além de tornar as forças armadas responsáveis por governar 2 milhões de palestinos, disseram as autoridades.

Em reunião do Conselho de Segurança da ONU na terça-feira (4), Miroslav Jenca, secretário-geral assistente da ONU para Europa, Ásia Central e Américas, disse que operações militares ampliadas “poderiam causar consequências catastróficas para milhões de palestinos e colocar ainda mais em risco a vida dos reféns restantes.”

c.2025 The New York Times Company

Fonte: Info Money

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