Pew Research Center indica que percepção sobre o país é particularmente desfavorável em 8 nações, onde mais de 75% o rejeitam
Uma pesquisa do Pew Research Center divulgada em 3 de junho de 2025 revelou que a maioria das pessoas em 21 de 24 países analisados têm visão negativa sobre Israel. Os dados foram coletados por painéis on-line e entrevistas telefônicas realizadas de janeiro a abril deste ano. Eis a íntegra (PDF – 2,8 MB, em inglês).
O país protagoniza desde 2023 uma escalada de conflitos militares no Oriente Médio. O levantamento foi divulgado 9 dias antes de Israel bombardear instalações nucleares no território iraniano em 12 de junho, iniciando novo conflito na região.
O levantamento mostra que a imagem de Israel é particularmente negativa em 8 países, onde cerca de 3/4 ou mais dos entrevistados manifestaram visão desfavorável sobre o Estado judeu. São eles:
- Austrália;
- Grécia;
- Indonésia;
- Japão;
- Holanda;
- Espanha; e
- Suécia.
Nos Estados Unidos, a parcela de adultos com visão negativa aumentou 11 pontos percentuais entre março de 2022 e março de 2025. Hoje, 53% dos entrevistados têm opiniões mais desfavoráveis em relação a Israel, e 45%, mais favoráveis. Entre eleitores do Partido Republicano, a rejeição subiu 10 pontos percentuais, de 27% para 37%.
Em 10 desses países, a pergunta havia sido feita pela última vez em 2013. Deles, 7 apresentaram crescimento significativo na proporção de adultos com visão desfavorável. No Reino Unido, o percentual subiu de 44% em 2013 para 61% atualmente. Eis os 7 países que apresentaram aumento na rejeição a Israel:
- Reino Unido;
- França;
- Alemanha;
- Itália;
- Espanha; e
- Indonésia.
Na Índia, as opiniões se dividem, com 34% dos adultos tendo visão favorável e 29% desfavorável. O nacionalismo hindu do país, impulsionado pelo Partido do Povo Indiano e pela organização Rashtriya Swayamsevak Sangh, tem intensificado sentimentos antimuçulmanos que podem ter contribuído para uma visão mais favorável a Israel entre parte da população, tendo em vista que o país está em guerra com ao menos 2 grupos jihadistas (Hamas e Hezbollah) e um país xiita (Irã).
No Quênia e na Nigéria, aproximadamente metade ou mais dos adultos mantêm percepção positiva sobre Israel. Ambos os países africanos também passaram por conflitos envolvendo grupos islâmicos na última década.
Diferenças geracionais
Em países como Austrália, Canadá, França, Polônia, Coreia do Sul e Estados Unidos, há predomínio de visão desfavorável em relação a Israel entre os jovens.
Também há diferença geracional na confiança do público no primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu (Likud, direita). Na Hungria, por exemplo, adultos com 50 anos ou mais têm o dobro de probabilidade de confiar nele em comparação com aqueles entre 18 e 34 anos (40% contra 20%).
Com exceção do Quênia e da Nigéria, não mais que 1/3 dos adultos em qualquer país pesquisado confia em Netanyahu para fazer o que é certo em relação aos assuntos mundiais.
As pesquisas mostram o impacto negativo da guerra contra o Hamas. Netanyahu é acusado por países e organizações de direitos humanos de promover um genocídio na Faixa de Gaza.
A confiança no primeiro-ministro israelense é especialmente baixa em 11 países:
- Austrália;
- França;
- Alemanha;
- Grécia;
- Indonésia
- itália;
- Japão;
- Holanda;
- Espanha;
- Suécia.
Na Turquia, cerca de 3/4 ou mais dos adultos têm pouca ou nenhuma confiança nele.
Esquerda rejeita Israel
As diferenças ideológicas também tiveram impacto nas percepções sobre Israel. Em alguns países onde a ideologia política foi incluída no questionário, pessoas que se posicionam à esquerda demonstraram visão mais negativa do que as de direita.
Na Austrália, entrevistados autodeclarados de esquerda têm aproximadamente o dobro de probabilidade de ter opinião desfavorável sobre Israel (90% contra 46%). Nos Estados Unidos, 74% dos que se dizem liberais têm visão negativa, contra 30% dos que se declaram conservadores. Na França, 25% dos eleitores de direita confiam em Netanyahu, ante 12% de centro e 8% de esquerda.
Israelenses não se sentem respeitados
Entre os cidadãos israelenses, 58% acreditam que seu país não é respeitado internacionalmente, enquanto 39% consideram que Israel é respeitado. Embora essa percepção geral permaneça praticamente inalterada em relação a 2024, a proporção de israelenses que afirmam que seu país não é “de modo algum” respeitado aumentou 9 pontos percentuais no mesmo período, passando de 15% para 24%.
Israelenses de direita têm maior probabilidade de acreditar que seu país é respeitado internacionalmente (49%), em comparação com os de esquerda (24%). Árabes e judeus de Israel demonstram igual probabilidade de considerar que o país é respeitado internacionalmente, padrão consistente com os resultados do ano anterior.
Fonte: Poder 360