Bloomberg Línea — O iFood anuncia ao mercado nesta quarta-feira (11) um novo pacote de benefícios voltado a entregadores da plataforma, que tem o objetivo de fidelização, em meio a uma disputa crescente com players como 99Food, Rappi e Meituan.
As novidades, que começam a ser implementadas em julho, incluem a possibilidade de antecipação diária de repasses sem cobrança de taxa, planejamento de rotas com definição de destino e um programa de fidelidade com bonificações para os entregadores com maior desempenho e engajamento.
Nas últimas semanas, concorrentes realizaram anúncios bilionários em suas operações e ações específicas para atrair entregadores às suas plataformas.
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A 99Food, controlada pela chinesa Didi, retornou ao mercado nesta semana com a promessa de rendimento mínimo de R$ 250 por dia para entregadores que realizarem ao menos 20 corridas (sendo cinco delas de refeições).
A Rappi, por sua vez, instituiu uma taxa mínima de R$ 10,00 por entrega para corridas realizadas entre sexta-feira à noite e segunda-feira de manhã.
O novo conjunto de ações do iFood complementa medidas anteriores, como o reajuste da taxa mínima por entrega.
A principal aposta é o programa de fidelização chamado de “Super Entregadores”, que promete promoções e missões exclusivas, com ganhos estimados em até 30% acima da média da base aos entregadores que alcançarem as categorias Ouro ou Diamante.
Os entregadores também poderão acumular selos que poderão ser trocados por créditos na “Loja do Entregador”, com bônus anual de até R$ 3.000 em dinheiro.
A métrica para definição do enquadramento dos participantes no programa e nas categorias será uma combinação da quantidade de entregas realizadas e as avaliações qualitativas, analisadas dentro do intervalo de três meses.
De acordo com cálculos do iFood, entregadores com jornada próxima de 180 horas por mês – ou cerca de 44 horas semanais – receberam uma média de R$ 28,60 por hora.
Segundo esses números, a renda mensal ficaria acima de R$ 5.100,00.
Quem alcançar o nível máximo no novo programa poderá fechar, em tese, os 30 dias com valores superiores a R$ 6.500,00.
Esse grupo com carga horária mais elevada representa 30% da base de 400 mil entregadores que usam a plataforma diariamente. Os 70% restantes trabalham por cerca de 20 horas semanais (veja mais abaixo).
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O programa será em lançado inicialmente em São Paulo, a partir do próximo mês.
“Esse é um programa para valorizar realmente esses entregadores super engajados, que é quem queremos reter na plataforma. E também queremos trazer novos que ainda não estão nesse grupo”, afirma Johnny Borges, diretor de Impacto Social do iFood.
O executivo disse que o programa nasce de uma busca de escuta recorrente da plataforma com entregadores e representantes da categoria.
Ele disse, porém, que o aumento demandado pela setor, de uma remuneração mínima de R$ 10 por entrega, deixaria os profissionais mais satisfeitos.
“Claro que eles ficariam mais felizes olhando para os R$ 10,00 por pedido, mas a empresa não consegue pagar isso para a base toda, e, sim, para um grupo específico de entregadores que está dedicado à plataforma. Quando pensamos nessa oferta, olhamos bastante o mercado e a sobrevivência do ecossistema”, disse Borges.
Ele fez referência ao tripé que sustenta a dinâmica do setor: clientes, restaurantes e entregadores.
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Repasse diário e rotas flexíveis
O pacote de incentivos incentivos inclui a antecipação de repasses, o que permite que os entregadores solicitem o recebimento dos valores assim que a entrega for concluída, diretamente pelo aplicativo e sem cobrança de taxas e comissões, de acordo com a empresa. Atualmente, os repasses só podem ser realizados semanalmente.
Outra mudança é a possibilidade de selecionar o destino desejado nas rotas, recurso que será disponibilizado gradualmente.
A funcionalidade é semelhante à do Uber, que permite aos motoristas direcionar a aceitação de corridas em direção às suas casas, por exemplo.
“Esse é um pedido dos entregadores desde 2023 que levamos para o nosso time de tecnologia. Tivemos todo um trabalho de desenvolvimento, levando em conta a dinâmica dos pedidos, para que as rotas não retirassem a demanda dos entregadores”, afirmou Borges.
Segundo a plataforma, como 70% dos entregadores fazem menos de 20 horas semanais – ou seja, usam as entregas como provavelmente uma segunda fonte de renda -, a solução deve ter um impacto maior para esse grupo.
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