O Ibovespa acompanhou o tom negativo das bolsas de Nova York com pressão das tarifas de Trump e novas ameaças ao Brics (Imagem: iStock/Lemon_tm)
O Ibovespa (IBOV) teve mais um dia de queda com a continuidade da aversão a risco do exterior com incertezas sobre as políticas tarifárias dos Estados Unidos e novas ameaças do presidente Donald Trump ao Brics.
Nesta segunda-feira (7), o principal índice da bolsa brasileira terminou o pregão com queda de 0,13%, aos 139.302,85 pontos,
Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,4458, com queda de 0,58%.
No cenário doméstico, os investidores acompanharam novas declarações de autoridades.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a inflação estará dentro da banda de tolerância da meta central de 3% em 2026, e acrescentou que cabe ao Banco Central (BC) analisar esse movimento para decidir quando cortará a Selic — que está em 15% ao ano, no maior nível desde 2006.
Já durante um evento em Brasília, o presidente do BC Gabriel Galípolo disse que tem consciência de que o Comitê de Política Monetária (Copom) não receberá um prêmio de “Miss Simpatia” ao colocar a Selic em 15% ao ano, mas afirmou estar tranquilo por estar perseguindo a meta de inflação.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também reforçou as ameaças tarifárias ao Brics — bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e que tem Egito, Etiópia, Indonésia, Irã e Emirados Árabes Unidos como membros desde o ano passado.
Segundo ele, o bloco econômico foi criado pata desvalorizar o dólar e os produtos produzidos nos países do Brics serão taxados em 10% “muito em breve”.
Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que os países que formam o Brics são soberanos e não aceitam intromissão.
Altas e quedas no Ibovespa
Os pesos-pesados também limitaram as perdas do principal índice da bolsa brasileira.
As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) subiram mais de 1% na esteira do avanço do petróleo no exterior.
O contrato mais líquido do Brent, com vencimento em setembro, fechou a sessão em alta de 0,81%, a US$ 70,15 o barril na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres.
Vale (VALE3) também fechou em leve alta acompanhando o desempenho do minério de ferro na China
A ponta positiva do Ibovespa, porém, foi liderada por Minerva (BEEF3), que estendeu os ganhos pelo quarto pregão consecutivo. A alta das ações foi puxada pela queda no preço do milho — que é um dos principais insumos para a indústria.
Já a ponta negativa foi liderada por WEG (WEGE3) com o anúncio da imposição de tarifa de importação de cobre nos Estados Unidos. A alíquota será de 50% e que deve entrar em vigor em agosto.
Azzas 2154 (AZZA3) também figurou entre as maiores quedas pressionada pela abertura da curva de juros futuros nos vencimentos mais longos e dados de varejo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor registrou queda de 0,2% nas vendas em maio em relação a abril, o segundo recuo mensal consecutivo.
Os índices de Wall Street encerraram a sessão sem direção com incertezas sobre a política tarifária do presidente Trump.
O chefe da Casa Branca adiou novamente a data em que as taxas “recíprocas” entrarão em vigor. Antes prevista para 9 de julho, as tarifas começarão a valer em 1º de agosto, “aumentando” o período de negociações entre os Estados Unidos e os países parceiros comerciais.
Ontem (7), Trump enviou cartas a 14 países, incluindo Japão e Coreia do Sul, com as “novas” taxas, que variam de 25% a 40% sobre os produtos a serem importados nos EUA. Já hoje, o presidente norte-americano afirmou que deve enviar uma notificação para a União Europeia em até dois dias, ainda que as negociações estejam “caminhando” bem.
Ele também anunciou tarifas de 50% sobre o cobre importado e que taxas sobre semicondutores e produtos farmacêuticos serão aplicadas em breve.
Confira o fechamento dos índices de Wall Street:
- Dow Jones: -0,37%, aos 44.240,76 pontos;
- S&P 500: -0,07%, aos 6.225,52 pontos;
- Nasdaq: +0,03%, aos 20.418,46 pontos.
Na Ásia, os índices fecharam em tom positivo. O índice Nikkei, do Japão, subiu 0,26%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, registrou ganho de 1,09%.
Na Europa, os mercados terminaram o pregão em alta pela segunda vez consecutiva em meio as negociações entre os EUA e a União Europeia. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou com avanço de 0,41%, aos 545,71 pontos.