No Healthcare Innovation Show 2025, o Brasil vai conhecer de perto a experiência de um dos países mais avançados em saúde digital. Em entrevista exclusiva ao Saúde Business, Tanel Tera, chefe do Departamento de Gestão de e-Services no Centro de Sistemas de Informação de Saúde e Bem-Estar da Estônia, deu uma prévia do que pretende compartilhar com o público sobre como o país nórdico transformou seu sistema de saúde.
À frente de uma equipe de 130 especialistas, Tera — keynote speaker do HIS no dia 2 de outubro — tem papel central na construção dos serviços digitais que transformaram a vida de cidadãos e profissionais da saúde no país báltico. Em entrevista exclusiva, Tanel detalha quais fundamentos e escolhas estratégicas moldaram a jornada estoniana e o que pode inspirar sistemas de saúde como o brasileiro.
Fundamentos sólidos e cultura digital
Segundo Tera, o sucesso da Estônia se deve a uma base de gestão clara: ID digital único para todos os cidadãos, o princípio do “once only” (o dado só precisa ser informado uma vez) e a plataforma de interoperabilidade X-Road, que garante a troca segura de informações entre sistemas. “Tratar os dados de saúde como bem público, com acesso vinculado à finalidade, foi decisivo para construir confiança”, explica.
Outro ponto foi priorizar serviços de alto impacto já nos primeiros passos — como prescrição eletrônica e portal do paciente. “A qualidade dos dados sempre foi central, porque sem ela não há segurança, análises confiáveis ou uso responsável de IA”, completa.
Propósito como motor de inovação
Para além da tecnologia, Tera destaca o papel da motivação das equipes. “Cada especialista sabe que o que desenvolve impacta diretamente sua própria vida e a de seus familiares. Criamos soluções que nós mesmos usamos todos os dias”, conta. Essa noção de propósito é, segundo ele, o que sustenta a inovação contínua.
Transparência radical e confiança cidadã
Um dos diferenciais mais admirados internacionalmente é o modelo de transparência radical, no qual cada paciente pode visualizar quem acessou seus dados. “Em vez de gerar resistência, isso fortaleceu a confiança da população. Todos querem ver e entender como suas informações são usadas”, afirma.
Lições possíveis para o Brasil
Ao ser questionado sobre a aplicabilidade da experiência estoniana em países de dimensões continentais como o Brasil, Tera é categórico: “Não copiem a Estônia, mas aprendam com nossa experiência. O importante é criar serviços que façam sentido para o seu contexto”. Ele recomenda começar com design de serviços para redesenhar processos, evitando apenas digitalizar formulários em papel.
Na sua visão, a mudança cultural deve vir antes da tecnologia. “TI é um facilitador, mas não resolve tudo. É fundamental envolver profissionais de saúde no desenvolvimento, porque sua contribuição é inestimável”, defende.
O que esperar no HIS 2025
Tera promete um olhar realista, com aprendizados práticos. “Vou compartilhar o que deu certo, o que não funcionou e como estamos nos preparando para a próxima década — de registros digitais para um sistema de saúde que aprende continuamente”, antecipa.
Com temas que vão da interoperabilidade 2.0 ao uso responsável da inteligência artificial, Tanel Tera deve provocar reflexões e inspirar caminhos para gestores, profissionais e inovadores que buscam acelerar a digitalização da saúde no Brasil.
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