Faltam apenas duas semanas para o Healthcare Innovation Show (HIS), e o Saúde Business antecipa os destaques mais relevantes do evento que vem transformando a inovação em saúde na América Latina.
Entre eles, está Guilherme Rabello, head de Inovação do InCor, especialista em integrar tecnologia e cuidado centrado no paciente, que será um dos palestrantes do painel “Telessaúde: os avanços e impactos do cuidado remoto em acesso”.
Reconhecido por liderar projetos que unem inteligência artificial, dispositivos vestíveis e telemonitoramento em tempo real, Rabello promete provocar o público com uma visão ousada: “a telessaúde não é sobre tecnologia, mas sobre redesenhar o modelo assistencial.”
Em entrevista exclusiva ao Saúde Business, portal de conteúdo oficial do HIS, o executivo explica como a telessaúde está transformando a assistência em diferentes etapas da jornada do paciente — do acompanhamento pós-cirúrgico ao controle de doenças crônicas.
Da consulta virtual às linhas de cuidado
“Se a tecnologia não gerar resolutividade e valor para o paciente, ela é só um ‘zoom de luxo’. O que realmente importa é como ela transforma a jornada, os desfechos e a sustentabilidade do sistema”, ressalta Rabello.
Nesse contexto, ele observa que a telessaúde deixou de ser apenas uma solução emergencial da pandemia para se tornar uma ferramenta estruturante dentro do sistema de saúde. Segundo o executivo: “O que custa caro não é a telessaúde, mas a ausência dela.”
O futuro, destaca Rabello, está na integração de plataformas digitais, na redução das desigualdades de acesso e no fortalecimento de parcerias colaborativas, que potencializam o impacto da tecnologia na prática clínica.
Mais do que consultas por vídeo, o verdadeiro salto da telessaúde é estruturar linhas de cuidado integradas. No InCor, projetos de acompanhamento remoto em doenças crônicas e no pós-operatório já demonstram efeitos concretos nos desfechos clínicos, graças a protocolos claros e à integração com o prontuário eletrônico. Essa evolução mostra que a telessaúde não é apenas conveniente — é essencial.
Essa transformação rendeu ao hospital reconhecimento no Prêmio Veja Saúde & Oncoclínicas de Inovação Médica 2025, pela criação de um sistema de monitoramento pós-cirúrgico que combina smartwatches, algoritmos sofisticados e integração ao prontuário eletrônico.
A solução monitora arritmias em tempo real, emitindo alertas de fibrilação atrial e permitindo intervenções imediatas por teleconsulta ou encaminhamento presencial.
A maturidade digital e os próximos desafios
Rabello reforça que a pandemia foi apenas o ponto de partida. Hoje, o setor já opera com prontuários eletrônicos interoperáveis, plataformas de telemonitoramento e algoritmos de apoio à decisão clínica.
O desafio agora é ampliar a escala de soluções que conectem dados de forma fluida. “Ainda gastamos energia com ilhas digitais. Precisamos de pontes”, resume.
Um exemplo é a plataforma TAC – Teleorientação do Ato Cirúrgico, desenvolvida pelo InCor em parceria com o MCTI e a Cisco. A tecnologia conecta equipes de cirurgia cardíaca em tempo real por meio de videoconferência, óculos inteligentes e internet das coisas.
Mais de 50 cirurgias pediátricas de alta complexidade já foram teleorientadas remotamente entre São Paulo, Paraíba, Maranhão e Minas Gerais, provando que a inovação pode salvar vidas mesmo em contextos distantes.
Quebrando barreiras de acesso
Apesar dos avanços, Rabello alerta que os desafios não são apenas tecnológicos. Falta de conectividade, baixa alfabetização digital e escassez de profissionais capacitados dificultam que o cuidado remoto alcance regiões mais vulneráveis.
“É como entregar um smartphone sem rede e sem manual de uso. A política pública e a capacitação precisam andar juntas para reduzir desigualdades”, defende.
A experiência prática mostra que a telessaúde também agrega resolutividade e continuidade do cuidado. Na telecardiologia do InCor, pacientes que antes viajavam centenas de quilômetros para uma simples reavaliação agora podem ser acompanhados por teleconsulta, com revisão de exames digitais e ajustes de tratamento, reduzindo reinternações e melhorando a segurança.
Outro exemplo é o projeto TRAdA (Lenovo + InCor), dispositivo vestível com inteligência artificial capaz de detectar arritmias quase instantaneamente, muitas vezes antes mesmo dos sintomas. Essa antecipação já evitou eventos graves e trouxe diagnósticos em tempo real que dificilmente seriam alcançados no modelo tradicional.
De custo a investimento estratégico
Para os gestores de saúde, Rabello alerta que a telessaúde não deve ser vista como custo, mas como investimento em eficiência e sustentabilidade.
“Reinternações evitáveis, agravamento de doenças crônicas e uso ineficiente de recursos consomem muito mais”, afirma. Quando indicadores de redução de internações e melhora na adesão terapêutica são apresentados, a percepção muda.
O executivo também defende modelos de colaboração mais ousados. Sandboxes regulatórios e consórcios colaborativos podem acelerar a expansão da telessaúde, criando ambientes controlados para testes inovadores e parcerias público-privadas que reduzam a fragmentação do setor.
“A inovação nasce nas startups, ganha escala nos hospitais, encontra sustentabilidade nas operadoras e precisa de regulação inteligente do governo”, resume.
Provocar o setor de saúde
A expectativa para o HIS é de uma reflexão profunda entre líderes, executivos e gestores da saúde.
“Telessaúde não é futuro nem moda da pandemia — é presente, estruturante e pode ser o motor de um sistema de saúde mais acessível, sustentável e centrado no paciente”, conclui Rabello.
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