O estudo da Fiocruz, publicado em revista internacional, aponta soluções para tornar o PRNT mais rápido, preciso e automatizado
Pesquisadores da Fiocruz fizeram um estudo sobre o PRNT (Teste de Neutralização por Redução de Placas), utilizado para medir a presença de anticorpos capazes de bloquear vírus em amostras humanas ou animais e que é referência em estudos sobre vacinas e infecções virais. Na prática, o método mostra se um indivíduo desenvolveu defesa contra determinado vírus, seja após infecção natural ou após ser vacinado.
Por isso, é uma ferramenta essencial para avaliar a eficácia de vacinas e entender o nível de proteção da população contra doenças virais. Tornar o PRNT mais eficiente acelera o desenvolvimento de vacinas, aprimora a vigilância de doenças e libera resultados de forma mais ágil, essencial em situações de emergência.
Isso significa diagnósticos mais rápidos, decisões mais seguras por parte das autoridades de saúde e maior proteção para a população. O estudo da Fiocruz, publicado em revista internacional, aponta soluções para tornar o PRNT mais rápido, preciso e automatizado.
O artigo, feito em parceria por pesquisadores de duas unidades da Fiocruz –o IOC (Instituto Oswaldo Cruz) e o Bio-Manguinhos (Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos)–, foi publicado na revista Human Vaccines & Immunotherapeutics. O estudo propõe soluções tecnológicas que já foram aplicadas em diferentes contextos, incluindo pesquisas com dengue, febre amarela e covid, o que evidencia sua importância tanto para doenças endêmicas quanto para emergências sanitárias recentes.
“Trata-se de um artigo de revisão, resultado de um levantamento bibliográfico associado à experiência acumulada no desenvolvimento e aprimoramento do PRNT, técnica considerada ‘padrão-ouro’ para a quantificação de anticorpos neutralizantes”, explica o pesquisador do Laboratório de Virologia e Parasitologia Molecular do IOC/Fiocruz Ivanildo Sousa.
O estudo é fruto de uma trajetória de contribuições ao longo dos anos. No IOC/Fiocruz, dois projetos de doutorado orientados por Ivanildo — um em andamento e outro recém-concluído — abordam justamente a automação do PRNT. A parceria com Bio-Manguinhos ofereceu a infraestrutura necessária para a realização dos ensaios.
Inovação para reduzir erros e acelerar resultados
Antes de chegar aos resultados, o PRNT passa por várias etapas delicadas e repetitivas, que exigem atenção e precisão. Pequenos erros podem afetar o diagnóstico e a avaliação da resposta imune e, consequentemente, prejudicar o entendimento sobre a eficácia de vacinas ou o nível real de proteção de uma população.
Para melhorar esse processo, o artigo discute os principais desafios da técnica tradicional e mostra como a automação pode torná-la mais segura, rápida e confiável. Entre os pontos levantados estão a variabilidade entre operadores, o tempo elevado de execução e a dificuldade de padronização entre laboratórios.
“A contagem manual de placas por operadores especializados consome tempo e está sujeita a variações e erros humanos, muitas vezes causados por fadiga. As melhorias propostas visam evitar esse tipo de falha, aumentar a adaptabilidade entre diferentes laboratórios e viabilizar análises em larga escala”, detalha a chefe do Laboratório de Análise Imunomolecular de Bio-Manguinhos, Waleska Schwarcz.
A adoção de tecnologias automatizadas também contribui para reduzir a dependência de operadores altamente especializados e facilita a ampliação da técnica para diferentes contextos laboratoriais –incluindo aqueles com estrutura mais limitada. “Maior precisão dos dados, mais segurança nas análises e agilidade na liberação de resultados fazem com que o PRNT continue sendo uma ferramenta essencial para monitorar a resposta imune em estudos clínicos de vacinas e orientar decisões em saúde pública”, resume Waleska.
Com base no intercâmbio entre diferentes expertises da Fiocruz, o estudo reforça a importância de parcerias institucionais para a construção de soluções inovadoras em saúde pública. Ao unir tradição científica e inovação tecnológica, o trabalho abre caminho para que técnicas como o PRNT sejam não apenas preservadas, mas aprimoradas para enfrentar os desafios das próximas emergências sanitárias.
A expectativa é de que os avanços discutidos no artigo sirvam de base para novos projetos de desenvolvimento tecnológico, com potencial de aplicação em campanhas de vacinação e programas de vigilância em diferentes regiões do país.
Com informações da Agência Fiocruz.
Fonte: Poder 360