Por que o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos é tão importante? Muita gente tem feito essa pergunta nos últimos meses, desde que Donald Trump voltou a ocupar a Casa Branca, anunciando a intenção de mudar as condições do comércio exterior, elevando alíquotas de importação. E ainda mais depois do anúncio ontem de pesadas alíquotas de 50% sobre as exportações brasileiras.
A verdade é que, embora os EUA tenham perdido há alguma tempo para a China a primeira posição de destino dos embarques de bens e serviços brasileiros, o país ainda figura como o principal comprador de bens industrializados nacionais.
Em todo o ano passado, as exportações brasileiras para os EUA somaram US$ 40,3 bilhões, crescendo 9,3% ante 2023 – como comparação, no mesmo período, as vendas para a China e o Mercosul caíram 9,5% e 14,1%, respectivamente. Desse total, os produtos industriais representaram 78,3% (US$ 31,6 bilhões).
No acumulado de janeiro a junho de 2025 as exportações para os Estados Unidos cresceram 4,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, e atingiram US$ 20,02 bilhões, segundo dados da Secex. Petróleo bruto, Café não torrado, Aeronaves e partes, Semiacabados de ferro ou aço e Carne bovina são os maiores destaques entre os produtos.
Já as importações cresceram 11,5% e totalizaram US$ 21,70 bilhões. Dessa forma, neste período, a balança comercial para o país governador por Donald Trump apresentou déficit de US$ 1,67 bilhão.
A importância da relação comercial vai além dos números gerais. Um estudo recente da Amcham, feito em comemoração aos 200 anos de relações comerciais entre os dois países (completados em 2024), apontou que os EUA são o principal destino para os produtos brasileiros de alta tecnologia, como aeronaves, medicamentos e algumas máquinas, representando, em média, 47,7% do total vendido pelo Brasil nesse segmento no período entre 2001 e 2023.
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O mesmo estudo apontou que mais 9 mil empresas brasileiras exportam para os Estados Unidos. Em número total de empresas exportadoras, os Estados Unidos, como país individualmente, são os primeiros colocados no ranking da Secex desde 2002, ou seja, por 22 anos consecutivos. Quando a comparação é feita com blocos, os Estados Unidos ficam atrás apenas do Mercosul, região para o qual o Brasil tem livre-comércio estabelecido.
Ainda segundo a Amcham, as empresas que exportam para os Estados Unidos geram mais empregos, têm a remuneração mais alta, alcançam melhor paridade de gênero e maior remuneração feminina – e mais de 50% delas têm mulheres entre os sócios.
Fonte: Info Money