Eles compartilham a rotina, bastidores de campanhas e até divulgam produtos ou serviços. Mas, não são famosos com milhões de seguidores e, sim, funcionários que têm ganhado destaque nas redes. De olho nisso, empresas têm investido em transformar seus colaboradores em influenciadores da marca. Em troca, eles recebem desde reconhecimento, brindes, viagens e até dinheiro.
É o caso da Chilli Beans, que, recentemente, começou a lançar desafios de conteúdos a serem publicado nas redes. No primeiro, mais de 300 funcionários se inscreveram. Os dez primeiros receberam prêmios em dinheiro, kit-influenciador e curso sobre criação de conteúdo. Um desses funcionários influenciadores é Lucas Zanin, de 21 anos, vendedor de uma franquia da marca.
— Comecei a postar por causa da marca e percebo que isso aproxima as pessoas. Elas ficam com vontade de conhecer a loja e acabam vindo até aqui — conta.
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Dri Elias, CEO da CoCreators, avalia que o movimento, chamado de Employee Generated Content (EGC), cresceu, especialmente, após a pandemia. No entanto, nem todo funcionário tem perfil para ser um “creator”:
— Cada empresa tem suas políticas. Fazemos uma curadoria técnica com base no perfil e na qualidade do conteúdo. Se a pessoa publica muito conteúdo político, por exemplo, não entra.
Modelo aprovado
A CVC é um exemplo de case sucesso da CoCreators: recebeu 600 inscrições para seu programa e formou um squad com 48 talentos. Os conteúdos desse grupo têm gerado até 67% mais alcance e engajamento. Uma das participantes, Janaína Souza, supervisora da loja CVC Manaus (AM), revela:
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— No programa, produzo vídeos curtos, com dicas de viagem, trends e promoções, para divulgação no Instagram e no TikTok. A receptividade do público tem sido muito positiva, com alto engajamento e retorno animador — diz a funcionária.
O professor de Administração da ESPM Eduardo Halpern avalia que a prática é positiva para as empresas, pois aumenta a credibilidade junto ao consumidor:
— Acho que, para o cliente, ver uma “pessoa de carne e osso” transmite mais confiança. A gente sempre fica com aquele pé atrás com influenciador famoso, pensando: “Será que ele não está ganhando um cachê para falar isso?”.
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De diretores a frentistas
Segundo Dri Elias, a tendência começou com colaboradores em cargos mais altos, mas hoje já há creators da marca atuando nas mais diversas funções. Paloma Paiva, de 45 anos, por exemplo, é diretora de Marketing da empresa de cosméticos Farmasi. Nas redes, onde divulga a marca, é conhecida como a “Diva da Farmasi”. Além de influenciadora ativa, ela ajuda a desenvolver outros colaboradores da empresa:
— Ajudo na curadoria, a entender o perfil de cada colaborador e a incentivar a evolução dele na produção de conteúdo.
Já na Vibra, são frentistas, gerentes e atendentes dos Postos Petrobras que produzem conteúdos. Segundo a empresa, são eles os melhores para falar sobre combustíveis ou o programa de fidelidade.
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Na Motiva Aeroportos, desde 2023, os colaboradores divulgam os serviços, esclarecem dúvidas e compartilham orientações de segurança nas redes. A estratégia tem dado resultado: o perfil da empresa no Instagram saltou de 12 mil para mais de 70 mil seguidores, com a taxa de engajamento passando de 0,2% para 3%.
A era dos ‘embaixadores’
Além de influenciadores, algumas empresas transformam seus colaboradores em embaixadores da marca. O Programa Influencer Nestlé, criado em 2022, surgiu com o objetivo de mostrar que a Nestlé é um bom lugar para trabalhar e evoluiu para formar embaixadores. Hoje, mais de 1.500 colaboradores participam, incluindo profissionais de fábricas, escritórios, centros de distribuição e promotores de vendas.
A Americanas também conta com embaixadores. Lá, eles produzem conteúdos, que vão desde demonstrações e dicas de uso de produtos até campanhas institucionais. Uma delas é Rayanne Abreu, de 23 anos, que começou a produzir conteúdo quando ainda era estagiária:
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— Recebemos treinamento e kit para ajudar na produção de conteúdo. Quando tem vídeos, eles mandam um briefing explicando a ação, mas sempre deixando bem livre. Está sendo muito legal. Me vejo crescendo bastante nessa área. Agora, como sou uma imagem da Americanas, tem que sempre ter cuidado.
Marcas devem gerenciar riscos
Elcio Teixeira, CEO da Heach RH, avalia que transformar colaboradores em influenciadores pode trazer ganhos importantes de engajamento e autenticidade. Mas ressalta que há riscos que precisam ser gerenciados, como a exposição excessiva da vida pessoal e conflitos de imagem em caso de polêmicas ou divergências de opinião. Na maioria das empresas, a participação nesses programas é voluntária. Teixeira defende que isso fique claro:
— É recomendável que a empresa apresente os benefícios, mas também deixe claro que não existe obrigação. Além disso, é importante criar canais de feedback anônimos para que eventuais desconfortos possam ser reportados sem constrangimento.
Quando um colaborador assume atribuições extras, como representar a empresa nas redes, ele está agregando valor além do escopo inicial do cargo. Por isso, Teixeira avalia:
— É válido considerar uma compensação extra, seja financeira, em forma de benefícios, viagens, brindes ou outras experiências de reconhecimento.
Fonte: Info Money