Na sexta-feira (5), o conselho da Tesla (TSLA34) propôs um pacote de remuneração que pode fazer do CEO Elon Musk o primeiro trilionário do mundo, desde que ele cumpra uma série de metas corporativas extremamente ambiciosas.
Musk, que já é a pessoa mais rica do mundo, teria que aumentar o valor de mercado da Tesla em oito vezes na próxima década para receber o valor total do pacote, segundo um documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA.
Toda a remuneração seria em ações da Tesla. O pacote, que precisa ser aprovado pelos acionistas da empresa, deve ser colocado em votação na assembleia anual marcada para 6 de novembro.
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De acordo com a Forbes, Musk tem um patrimônio líquido superior a 400 bilhões de dólares. A nova remuneração poderia adicionar cerca de 900 bilhões a essa fortuna, caso ele consiga elevar o valor de mercado da Tesla para 8,5 trilhões de dólares, saindo dos atuais cerca de 1,1 trilhão. Seria, de longe, a maior remuneração já paga a um executivo na história corporativa.
Para receber qualquer uma das ações, Musk precisaria permanecer na Tesla por pelo menos sete anos e meio, e dez anos para ganhar o valor total. Além disso, teria que cumprir várias metas operacionais muito ambiciosas, incluindo supervisionar o lançamento comercial de 1 milhão de táxis autônomos e robôs humanoides, além de aumentar o lucro em mais de 24 vezes.
Alcançar muitas dessas metas pode ser extremamente difícil. Muitas outras empresas ao redor do mundo estão correndo para aperfeiçoar carros autônomos e robôs.
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“Reter e incentivar Elon é fundamental para que a Tesla alcance esses objetivos e se torne a empresa mais valiosa da história”, disseram Robyn Denholm, presidente do conselho da Tesla, e Kathleen Wilson-Thompson, diretora do conselho, em uma carta aos acionistas.
O generoso plano de remuneração certamente será criticado por alguns acionistas, que podem considerar que Musk está sendo recompensado em excesso. Alguns investidores afirmam que o CEO teve um desempenho ruim nos últimos anos e adotou comportamentos que prejudicaram a empresa. O pacote aumentará o já intenso escrutínio sobre Musk, que é visto como um gênio por seus seguidores e um oligarca perigoso por seus críticos.
As vendas e o lucro da Tesla caíram no último ano, enquanto Musk se envolveu cada vez mais com a política de direita. Ele trabalhou por vários meses na administração Trump, o que desagradou muitos compradores liberais de veículos elétricos.
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Embora tenha controle significativo sobre a Tesla, Musk dedica muito tempo a outros negócios, como a SpaceX, empresa de foguetes, e a xAI, uma iniciativa de inteligência artificial que controla a plataforma social X.
O plano anunciado na sexta-feira não impõe restrições sobre quanto tempo ele pode dedicar a esses outros empreendimentos ou às suas atividades políticas.
O plano de remuneração é semelhante ao de 2018, que concedeu milhões de ações da Tesla a Musk caso ele atingisse metas que pareciam improváveis na época. Ele conseguiu cumprir esses objetivos, mas um juiz de Delaware anulou aquele pacote após acionistas alegarem que era excessivo e que o conselho da empresa não havia informado adequadamente os investidores. A Tesla recorreu ao Supremo Tribunal do estado.
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Os documentos apresentados na sexta-feira incluem medidas que restaurariam a remuneração de Musk do plano de 2018 caso o recurso da Tesla seja rejeitado. Com o preço das ações de quinta-feira, aquele pacote valeria 96 bilhões de dólares.
Se os acionistas aprovarem o novo pacote, investidores dissidentes terão mais dificuldade para contestá-lo. Este ano, a Tesla mudou sua sede corporativa de Delaware para o Texas, onde a legislação dificulta que acionistas com pequenas participações processem empresas.
A Tesla foi pioneira no mercado de carros elétricos, mas ficou atrás das chinesas BYD e Geely em número de veículos vendidos globalmente, e corre o risco de ser ultrapassada pela Volkswagen, segundo dados da SNE Research, empresa sul-coreana.
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Alguns analistas culpam Musk pela queda, dizendo que ele desperdiçou recursos no desenvolvimento da picape Cybertruck, que vendeu pouco, em vez de investir em modelos com apelo mais amplo. Montadoras chinesas e tradicionais, como General Motors e Hyundai, lançaram dezenas de carros elétricos que fazem os principais produtos da Tesla, o sedã Model 3 e o SUV Model Y, parecerem ultrapassados.
Musk minimizou a importância das vendas de carros, afirmando que o futuro da Tesla está na inteligência artificial, carros autônomos e robôs humanoides. Na segunda-feira (1), a empresa divulgou seu “Plano Mestre IV”, que prevê estar na vanguarda de uma era de “abundância sustentável”, quando a energia virá do sol, as pessoas viajarão em carros autônomos e robôs cuidarão das tarefas mais simples.
“Hoje estamos à beira de um período revolucionário, pronto para um crescimento sem precedentes”, diz o plano, publicado na plataforma X.
Na carta aos acionistas, Denholm e Wilson-Thompson afirmaram: “A visão singular de Elon é vital para navegar por esse ponto crítico de inflexão.”
Mas também indicaram um futuro sem Musk, dizendo que ele trabalhará com o conselho na “elaboração de um plano para a sucessão do CEO a longo prazo.”
Segundo o plano de remuneração, Musk poderá receber 35 milhões de ações se o valor de mercado da Tesla atingir US$ 2 trilhões. Ele receberá ações adicionais conforme o valor da empresa subir até alcançar US$ 8,5 trilhões. O plano é estruturado para que Musk lucre com a valorização das ações apenas a partir de cerca de US$ 335 por ação.
Para receber o prêmio total, o lucro operacional da Tesla terá que subir para US$ 400 bilhões, ante US$ 17 bilhões no ano passado.
Embora Musk não possa vender nenhuma ação por anos, ele poderá exercer imediatamente o direito de voto dessas ações nas assembleias, aumentando seu controle sobre a empresa. Se receber todas as ações e não vender nenhuma, sua participação na Tesla subiria dos atuais 13% para cerca de 25%. Impostos podem reduzir esse percentual.
c.2025 The New York Times Company
Fonte: Info Money
