Do yuan ao real: valorização da moeda chinesa puxa os demais emergentes

A nova tolerância da China com uma apreciação constante do yuan deve reacelerar a alta das moedas de mercados emergentes, em um momento em que os investidores se preparam para juros mais baixos nos EUA. Uma análise da Bloomberg mostra que, no último ano, a cada movimento de 1% do yuan, outras moedas foram no embalo: o baht tailandês, o ringgit malaio, o peso chileno, o peso mexicano e o real se moveram na mesma correlação.

Como moeda do principal parceiro comercial de muitas economias asiáticas, o yuan atua como âncora na região, e a política cambial de Pequim é, por isso, acompanhada de perto por seus pares. Mas sua influência se estende além da Ásia, atingindo países impactados pelo comércio e pelos fluxos de commodities da China. Só na Ásia, o gigante asiático foi o segundo maior parceiro comercial das economias em desenvolvimento no ano passado, respondendo por 9% do comércio total dessas economias, segundo dados do FMI.

O índice de moedas emergentes da MSCI caiu cerca de 0,3% neste trimestre, após dois trimestres de ganhos, em grande parte ditados pelas oscilações do dólar, à medida que a perspectiva da política do Federal Reserve mudava. O indicador acumula alta de cerca de 6,8% no ano.

“O yuan é a moeda de referência para a maioria dos emergentes, eles negociam mais com a China do que com os EUA”, disse Eric Fine, gestor de portfólio da VanEck Associates, em Nova York.

Em uma mudança notável, o banco central da China (PBOC) definiu em 9 de setembro a taxa de referência do yuan em relação ao dólar em seu nível mais forte desde novembro. A autoridade monetária atua justamente para levar a moeda acima das expectativas de mercado desde julho. Isso contrasta com sua campanha no início do ano para conter a volatilidade induzida pelo dólar.

O yuan “onshore”, que só pode variar até 2% ao dia em torno da taxa de referência, acumula alta de mais de 2% em relação ao dólar neste ano, após três anos seguidos de desvalorização frente à moeda americana. Em sinal de maior confiança, fundos globais aumentaram recentemente suas apostas otimistas no yuan, projetando que a moeda chegue a 7 yuans por dólar ou menos até o fim do ano. Hoje, a relação está em cerca de 7,12.

A China lança uma ampla campanha para promover o papel global de sua moeda, aproveitando a crescente desconfiança no na posição hegemônica dos EUA, em um momento em que o dólar vem perdendo destaque.

“Quando o yuan se fortalece, as moedas e as dívidas locais da Ásia emergente ganham fôlego”, disse Christopher Hamilton, chefe de soluções de investimento para clientes da Invesco na Ásia-Pacífico.

Fonte: Invest News

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