A atriz Kang Ae-shim, que interpreta a Jogadora 149, e experimenta um dos dilemas morais mais devastadores da série, acredita que o apelo global de “Round 6” está justamente em recuperar e distorcer brincadeiras infantis. “Os jogos que deveriam ser como contos de fadas são aqui sinônimo de morte”, diz. “Essa curiosidade alcançou todo o mundo.”
Ela é corroborada pelo colega Park Sung-hoon, que no papel da Jogadora 120 interpreta uma mulher trans em busca da soma para completar sua transição. “Martin Scorsese dizia que tudo que é mais pessoal também é o mais universal”, explica. “Os jogos, as emoções e até a comida na série são tipicamente coreanas, e justamente isso causa fascínio mundial.” Quando pergunto como foi o trabalho de construir a relação de seu personagem com Kang Ae-shim, ele se diverte: “Foram laços criados de forma orgânica com muita bebida e álcool”.
Já Lee Jung-jae, que assumiu o papel de protagonista da série como o Jogador 456, é ligeiro em dizer que não houve contribuição dos atores para a construção dos personagens, ressaltando que tudo veio da mente do diretor Hwang Dong-hyok. É pelo olhar de seu personagem, vencedor do jogo na primeira temporada e que retorna para acertar as contas com o criador da armadilha, que “Round 6” encontra sua humanidade.
Entretenimento como crítica à sociedade
“Nem consigo lembrar se equilibrar o drama humano com o espetáculo dos jogos foi um desafio”, intercede o próprio Hwang. Para ele, nivelar os dois vértices estava na forma de escolher e projetar os jogos inclusos na série, que precisavam ser visualmente interessantes, mas também com espaço para as interações e emoções dos personagens.
Fonte: UOL