Sexy, cru, brutal e extremamente violento, “Desconhecidos” é um exercício de estética e estilo que evoca os slashers dos anos 1970, como “Noite do Terror”, “Pânico ao Anoitecer” e, claro, “O Massacre da Serra Elétrica”. Concebido durante a pandemia pelo diretor e roteirista JT Mollner, é uma experiência suja, seca e quente, que não faria feio em uma sessão da meia-noite em algum cinema drive-in enlameado.
Mollner, contudo, não se contenta em emular uma época ou um estilo específicos. “Desconhecidos” não é o slasher que aparenta ser, e sim a jornada por um território familiar virado ao avesso. Mesmo sem reinventar a roda — o jogo de gato e rato em um filme sobre um assassino em série não é exatamente inovador —, o diretor prova que a embalagem faz toda a diferença.
“Desconhecidos” é apresentado em seis capítulos, dispostos de forma não linear. Depois da breve apresentação de nossos protagonistas, voltamos a um momento antes de toda a caçada, com a Dama (Willa Fitzgerald) envolvida em um flerte com o Demônio (Kyle Gallner). A conversa, provocante e sexual, evolui para drogas e fantasias em um quarto de hotel. A partir daí, a coisa degringola.
Ao longo de cada segmento, a tensão é entrecortada por senso de humor ácido e marcada pela violência extrema e inesperada. Pessoas são baleadas, esfaqueadas e mortas de forma totalmente aleatória; É uma ode à mais pura maldade humana que explode sem a menor provocação, escolhendo quem calhou de estar no lugar errado e na hora errada — que o digam os personagens de Ed Begley Jr. e Barbara Hershey.
Essa disposição de se entregar ao acaso é potencializada pela montagem não linear. Assim como Quentin Tarantino em “Pulp Fiction”, as partes fazem sentido no final, justificando toda firula estética e pedindo aquele rewind bacana. Melhor ainda: a cada movimento, “Desconhecidos” pulveriza as certezas. Não acredite que você sabe o que está acontecendo, não tente adivinhar a próxima jogada, apenas embarque na jornada.
Fonte: UOL