Voltar a escrever para o Saúde Business tem gosto de recomeço e continuidade. Antes de estar à frente do CBEXS, fui — por alguns anos — editora-chefe deste portal.
Foi aqui que aprendi a escutar o setor. A identificar tensões reais por trás de press releases, a reconhecer onde estavam as viradas do jogo — e quem estava fazendo os movimentos. Voltar como colunista, anos depois, é mais do que nostálgico, é uma honra.
Hoje, representando o CBEXS | Colégio Brasileiro de Executivos em Saúde ao lado do Presidente da Instituição, Francisco Balestrin, e do Conselho do Colégio, sigo com o mesmo interesse de quando estava à frente do editorial: entender o que nos move como sistema e o que nos trava como gestão. Agora, com a responsabilidade (e o privilégio) de construir junto a centenas de líderes, caminhos para sair do lugar.
Esta coluna nasce com esse espírito: menos sobre tendências do mercado e mais sobre o que realmente sustenta a tomada de decisão no setor — seja na liderança de pessoas, na regulação, na inovação ou no cuidado, é sobre trazer o que o coletivo do Colégio tem que mais rico.
Estamos atravessando uma fase em que boa parte das lideranças já entendeu os desafios: escassez de talentos, tensionamento regulatório, novos modelos de cuidado, pressão por sustentabilidade financeira, transformação digital. O que ainda falta — e falta muito — é conseguir tomar decisões consistentes diante disso tudo. Não por falta de informação, mas por excesso de ruído, vaidade ou incapacidade de operar em sistemas complexos.
Em uma das mentorias do CBEXS, nosso mentor, Gabriel Dalla Costa citou uma frase que diz “fazer gestão é espremer limão e sonhar.” Liderar nos próximos anos vai exigir menos brilho pessoal e mais habilidade coletiva. Menos slide e mais clareza de contexto. E, principalmente, mais disposição para revisitar as próprias convicções — sem perder o pulso do sistema.
A liderança que permanece será aquela que aguenta a ambiguidade, que tem lastro técnico, mas também coragem para bancar decisões difíceis. E que sabe que o verdadeiro poder não está em centralizar, mas em articular.
Nos próximos artigos, você pode esperar análises mais frias, sim — mas nunca distantes da prática. Porque quem está à frente hoje não pode mais liderar com base em fórmulas prontas. E porque, como já escrevi uma vez por aqui, o setor de saúde não precisa de heróis — precisa de gente capaz de transformar sistemas.
Nos vemos por aqui.