Na véspera do início da validade das tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, o presidente Lula, ministros e membros do Conselhão defenderam a soberania do Brasil.
Lula garantiu que o governo vai preservar a soberania do país, diante das ações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a Justiça e a democracia brasileiras.
“Proteger a nossa soberania é um objetivo que está acima de todos os partidos e todas as tendências. O governo não transigirá. E não vacilará em seu dever de preservá-la. Não há justificativa para as medidas unilaterais contra o nosso país”
A declaração foi nesta terça-feira (5), durante a abertura da 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o Conselhão. O evento, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, reuniu representantes da sociedade civil, que prestam assessoramento ao Palácio do Planalto na criação de políticas públicas voltadas para diversos setores.
Ainda no evento, Lula voltou a falar do tarifaço que começa a valer nesta quarta-feira (6) e disse que a data em que Trump anunciou a sobretaxa vai ficar para a história, devido à medida que o presidente brasileiro considera “arbitrária”.
“O dia 30 de julho de 2025 passará para a história das relações entre Brasil e Estados Unidos como um marco lastimável. Não há precedente, nos mais de 200 anos de relações bilaterais, de uma ação arbitrária como esta que sofremos. Nossa democracia está sendo questionada. Nossa soberania está sendo atacada. Nossa economia está sendo agredida. Em nenhum tarifaço, aplicado a outros países, houve tentativa de ingerência sobre a independência dos poderes do país”.
Lula disse que prioriza a negociação, mas espera que o Brasil seja tratado com respeito. O presidente também criticou a forma como Trump anunciou o tarifaço.
“E esse país merece respeito. E o presidente norte-americano não tinha o direito anunciar as taxações como ele anunciou pro Brasil. Poderia ter pegado o telefone, ligado pra mim, poderia ter mandado ligar pro Alckmin, estaríamos aptos a conversar. O Brasil, hoje, não pode ficar dependendo de um único país”.
Ao lado de Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que, graças à prospecção por novos mercados feitas pelo governo brasileiro, as exportações do país para os Estados Unidos, que já foram de 25%, caíram para 12%o. Deste número, somente 4% foram afetados pelo tarifaço. Segundo Haddad, mesmo assim, o governo não vai baixar a guarda.
“E dos 4%, mais de 2% terá, naturalmente, outra destinação, porque são commodities que vão encontrar o seu destino. Estamos atentos, porque 1,5% das exportações serão afetadas, que nós vamos baixar a guarda. Porque nós sabemos que há, nesse 1,5%, setores muito vulneráveis, setores que geram muito emprego, que exigem uma atenção especial, que vai ser dada”.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, classificou o tarifaço como “totalmente injustificável” e disse que o governo vai tentar reverter a medida. Durante parte do encontro, o tarifaço foi o assunto principal. Uma das novas conselheiras do comitê gestor do Conselhão, a atriz Dira Paes, fez a leitura de um documento chamado “Manifesto em Defesa da Soberania”.
“Mantemos, por mais de dois séculos, uma relação de respeito e cooperação com os Estados Unidos da América. Reafirmamos a defesa da nossa soberania e das nossas instituições democráticas, incluindo o Poder Judiciário e o Supremo Tribunal Federal. Aproveitamos para reafirmar, também, a total disposição para tentar contribuir com as negociações comerciais respeitosas entre nossos países. E que possamos fortalecer ambas as economias”.
Também participaram da abertura da reunião do Conselhão governadores do Consórcio Nordeste, que vieram a Brasília tratar dos impactos do tarifaço em setores econômicos da região.
Fonte: Agência Brasil