A cirurgia robótica no Brasil deixou de ser exclusividade de poucos centros para se tornar um diferencial estratégico em hospitais de diversas regiões.
Instituições vêm ampliando a oferta de procedimentos cirúrgicos robóticos, combinando precisão, segurança e recuperação mais rápida para os pacientes.
Este conteúdo reúne exemplos de hospitais com tecnologia robótica, seus resultados clínicos, benefícios operacionais e desafios financeiros, mostrando por que investir nessa área pode representar não apenas inovação, mas também vantagem competitiva no setor de saúde.
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Hospitais brasileiros que adotaram cirurgia robótica
Nos últimos anos, diversos hospitais que adotaram cirurgia robótica no Brasil se tornaram referência em inovação clínica e excelência técnica.
Instituições como o Hospital Israelita Albert Einstein, o Hospital Sírio-Libanês, o Hospital de Base de São José do Rio Preto, o Hospital Brasília e o Hospital São Vicente de Paulo mostram como a tecnologia em cirurgia minimamente invasiva vem transformando o atendimento.
O Hospital Sírio-Libanês foi pioneiro na América Latina, realizando sua primeira cirurgia robotizada em 2000. Desde 2008, conta com dois robôs Da Vinci — um voltado a procedimentos e outro para treinamentos — e, em 2015, inaugurou seu Centro de Cirurgia Robótica, reunindo especialistas de diversas áreas e se consolidando como centro de treinamento para novos cirurgiões.
O Hospital Brasília, da Rede Américas, já realizou mais de 2 mil procedimentos cirúrgicos robóticos desde 2018. Reconhecido como centro de formação, mantém simuladores de última geração e parcerias com programas de residência, com destaque para as cirurgias urológicas.
Outro exemplo é o Hospital de Base de São José do Rio Preto, que se tornou um dos hospitais com tecnologia robótica mais inclusivos do país. Em apenas 14 meses, realizou 260 cirurgias, destinando parte delas a pacientes do SUS — iniciativa que inclui mutirões e amplia o acesso à tecnologia.
No Rio de Janeiro, o Hospital São Vicente de Paulo atingiu a marca de 100 procedimentos no primeiro ano de seu programa, resultado de treinamento intensivo e integração da robótica à rotina cirúrgica.
Esses centros de cirurgia robótica realizam uma variedade de procedimentos, incluindo urologia, cirurgia geral, ginecologia e oncologia, e exemplificam como os avanços em cirurgia assistida por robô estão elevando padrões de precisão, segurança e recuperação.
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Benefícios operacionais e estratégicos para hospitais
A adoção da cirurgia robótica vai além dos ganhos clínicos para o paciente — ela também gera impactos diretos na gestão e na competitividade dos hospitais que adotaram cirurgia robótica.
Entre os principais está a otimização do tempo cirúrgico. A precisão de plataformas como o robô Da Vinci ou o Versius reduz movimentos desnecessários e estabiliza tremores, permitindo que procedimentos sejam concluídos de forma mais ágil e previsível.
Outro ponto relevante é a redução do tempo de internação e, consequentemente, dos custos a longo prazo.
No Hospital Angelina Caron (PR), cirurgias que antes exigiam até quatro dias de internação agora podem ter alta em 48 horas — e, em alguns casos, como na bariátrica, até em menos de 24 horas. A liberação de leitos mais rápida aumenta a capacidade de atendimento.
No Hospital Unimed Volta Redonda (RJ), a chegada da plataforma Versius trouxe não apenas eficiência, mas também resultados clínicos de alto impacto. Um dos casos mais emblemáticos foi o de uma paciente de 73 anos com nódulo sólido no rim.
Graças à precisão da tecnologia em cirurgia minimamente invasiva, foi possível preservar 70% do órgão, evitando uma nefrectomia radical e garantindo recuperação mais rápida.
Além disso, investir em avanços em cirurgia assistida por robô fortalece a imagem institucional. Hospitais com tecnologia robótica atraem pacientes em busca de tratamentos mais seguros e menos invasivos, além de se destacarem no mercado pela inovação.
Essa visibilidade também facilita a formação de parcerias estratégicas, amplia o leque de procedimentos e consolida a reputação como referência em vantagens da cirurgia robótica em hospitais.
Cases de sucesso e resultados clínicos
Os hospitais que adotaram cirurgia robótica acumulam exemplos de alto impacto que mostram como a tecnologia pode transformar resultados clínicos e ampliar o acesso a procedimentos complexos.
Na China, médicos do Hospital Torácico de Xangai realizaram uma cirurgia remota para remover um câncer de pulmão em uma paciente localizada a 5 mil quilômetros de distância.
Utilizando braços robóticos controlados em tempo real, a equipe concluiu o procedimento em apenas uma hora, com precisão milimétrica, provando o potencial da robótica na saúde para atender pacientes distantes de grandes centros.
No Brasil, o Hospital Moinhos de Vento executou a primeira cirurgia de estimulação cerebral profunda para Doença de Parkinson na América Latina usando o sistema Loop-X Brainlab.
A tecnologia reduziu o tempo do procedimento de oito para quatro horas, combinando aquisição de imagens 3D e navegação robótica no mesmo espaço, o que elevou a segurança e o conforto do paciente.
Em Minas Gerais, o Hospital Orizonti foi pioneiro ao realizar a primeira artroplastia total de quadril assistida por robô cirúrgico. O procedimento garante cortes mais precisos, menos dor pós-operatória e recuperação acelerada, beneficiando especialmente pacientes com artrose avançada.
Já em Porto Alegre, o Hospital Mãe de Deus iniciou o uso da cirurgia robótica em procedimentos de coluna, alcançando até 99% de precisão na colocação de implantes, sem desvios, e reforçando as vantagens dessa tecnologia no tratamento de patologias ortopédicas complexas.
Esses casos de sucesso em cirurgia robótica mostram que a combinação de inovação, capacitação médica e investimento certo é capaz de gerar benefícios tangíveis — desde maior precisão cirúrgica até ampliação do acesso a tratamentos de alta complexidade.
Custos de investimento e manutenção da cirurgia robótica
Implantar um programa de cirurgia robótica exige planejamento financeiro robusto.
De acordo com dados da Medscape Brasil, um robô cirúrgico custa em torno de R$ 16 milhões, enquanto os custos por procedimento variam de R$ 10 mil a R$ 15 mil, considerando manutenção e materiais descartáveis.
Esses valores explicam por que a adoção costuma começar em grandes centros e hospitais com forte capacidade de investimento.
O cenário brasileiro, no entanto, mostra um avanço consistente. Segundo o Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC), já existem cerca de 200 plataformas de cirurgia robótica no Brasil, espalhadas por diferentes regiões, ampliando o acesso para além do eixo Rio–São Paulo.
Desde as primeiras unidades instaladas no Hospital Israelita Albert Einstein e no Hospital Sírio-Libanês, em 2008, o crescimento foi constante, com novas especialidades incorporando a tecnologia.
Esse investimento é impulsionado pelo potencial da tecnologia em cirurgia minimamente invasiva para atrair pacientes, diferenciar a instituição e viabilizar procedimentos de alta complexidade com maior segurança.
Embora o retorno financeiro dependa de volume cirúrgico e gestão eficiente, os hospitais que adotaram cirurgia robótica relatam ganhos estratégicos que compensam o alto custo inicial, como fortalecimento de marca, captação de novos casos e expansão de portfólio.
A experiência dos hospitais que adotaram cirurgia robótica no Brasil comprova que a tecnologia oferece ganhos clínicos, operacionais e estratégicos.
De mutirões no SUS a procedimentos pioneiros de alta complexidade, esses centros mostram que a tecnologia em cirurgia minimamente invasiva pode transformar a prática médica e gerar valor para instituições que investem em capacitação, parcerias e gestão eficiente.
O alto custo de aquisição e manutenção é um desafio, mas, quando bem planejado, o investimento traz retorno em forma de reputação, diferenciação e atração de pacientes que buscam tratamentos mais seguros e inovadores.
A tendência é que, com a expansão do acesso e o avanço de novas plataformas, a robótica na saúde se torne cada vez mais presente no cenário cirúrgico brasileiro.
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