O Brasil apresenta um cenário perfeito para se tornar um hub de data centers sustentáveis para o mundo. Esta é a avaliação de Roberto Rossi, CEO da Schneider Electric no Brasil. “A energia é limpa e está dentro dos melhores padrões globais e os custos de infraestrutura e de terreno são aceitáveis. Isso cria um cenário perfeito para o Brasil ser considerado um hub de data centers”, afirmou em entrevista exclusiva ao Infomoney.
Rossi também compartilhou sua visão sobre os desafios e oportunidades do setor elétrico no país, além de destacar o papel estratégico da Schneider Electric na transição energética, sustentabilidade e digitalização industrial.
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O executivo argentino assumiu a liderança da Schneider Electric no Brasil em 2024 e carrega uma vasta experiência de 25 anos no setor elétrico, incluindo passagens pela Indonésia e pela América do Sul. No Brasil, seu principal objetivo é acelerar o crescimento da empresa, que já tem 78 anos de atuação no país, com mais de 2 mil colaboradores e unidades industriais em Blumenau e Manaus.
“O Brasil é uma das maiores economias do mundo, com uma matriz energética que já é 85% limpa. Isso torna o país extremamente relevante para a Schneider Electric, que tem aqui uma das operações mais importantes globalmente”, afirmou Rossi.
Desafios e oportunidades no Brasil e no mundo
Comparando sua experiência na Indonésia com o Brasil, Rossi ressaltou as diferenças nas matrizes energéticas e nos desafios locais. Enquanto a Indonésia ainda depende fortemente do carvão, o Brasil já possui uma matriz elétrica majoritariamente limpa, o que direciona o foco para a resiliência da rede e a eficiência energética.
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“O foco, no Brasil é a resiliência da rede. O que tem acontecido nos últimos anos com tempestades: nos faz focar em como recuperamos a energia da cidade rapidamente e nos tornamos mais eficientes”, diz. “O Brasil tem uma digitalização alta, mas um nível de eficiência que não está em linha com essa digitalização”, avalia.
Do lado de geração de energia, o mercado brasileiro está bastante desenvolvido. Para Rossi, a oportunidade está do lado da demanda. “Há locais que não estão digitalizados, então precisamos coletar mais dados e analisá-los”, diz. E conclui: “agora, surge a oportunidade de adicionar inteligência artificial e machine learning para trazer um novo nível de eficiência por meio da análise de dados”.
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Neste cenário, a empresa vê grandes oportunidades na indústria, na infraestrutura, todo o setor de construção civil e nos data centers. “Não é tão simples exportar a energia limpa do Brasil, mas é possível exportar dados”, diz. Para Rossi, o Brasil tem o potencial para se tornar um hub global de data centers, graças à disponibilidade de energia limpa, custo competitivo de infraestrutura e capital humano qualificado. “O Brasil tem todas as condições para ser uma referência mundial em data centers, especialmente com a crescente demanda por processamento de dados e inteligência artificial”, disse.
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COP 30
O país estará nos holofotes do mundo em novembro, durante a COP 30, e, segundo Rossi, esta é uma oportunidade para o país liderar ações concretas contra as mudanças climáticas.
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“Este ano, o Brasil tem a grande oportunidade de ser o anfitrião da COP 30. E essa é uma oportunidade única para que a convenção seja icônica, como foi a de Paris em 2015″, diz. Segundo Rossi, de Paris para cá, muitas coisas aconteceram: desde as confirmações das mudanças climáticas até a criação de jurisprudências, leis e investimentos. “Não há mais um problema de tecnológico nem de financiamento. O problema é chegar a um acordo e começar a atuar”, afirma.
O executivo afirmou ainda que espera que a COP no Brasil seja aquela que iniciou as ações para acelerar essas mudanças e que, em 2035 seja possível ver o impacto que a reunião em Belém causou no mundo todo.
Fonte: Info Money