BofA eleva previsão de crescimento global após alívio sobre EUA e China nas tarifas

Após sinais de desaceleração nas disputas comerciais e com a manutenção de uma postura mais amena nas tarifas impostas pelos Estados Unidos, o Bank of America (BofA) revisou para cima suas estimativas de crescimento da economia global. Em relatório publicado por sua equipe de analistas, o banco afirma que o crescimento global deve alcançar 3% em 2025 e 2026, com aceleração para 3,3% em 2027.

A projeção anterior para este ano foi ajustada para cima em 20 pontos-base, com a China sendo o principal motor dessa revisão, favorecida pela recente trégua firmada com os Estados Unidos. A inflação global, segundo o BofA, deve permanecer em torno de 2,5% nesse período, mesmo diante de pressões tarifárias.

Para os mercados emergentes fora da China, o BofA prevê avanço gradual do crescimento, de 3,9% neste ano para 4,1% em 2026 e 4,4% em 2027. Entre os países que puxam esse movimento estão Índia, Taiwan e Brasil. O relatório menciona que essas economias devem se beneficiar da reconfiguração do comércio internacional e da estabilidade nas políticas domésticas, especialmente no caso brasileiro, que se mantém como destino relevante de capital estrangeiro.

O alívio nas tarifas comerciais foi mais amplo e rápido do que o antecipado pelos economistas do banco. A pausa de 90 dias nas novas tarifas entre Estados Unidos e China continua em vigor, e as tarifas efetivas americanas recuaram para cerca de 10%, menos da metade do pico registrado em abril.

Para os analistas, o presidente Donald Trump deve continuar usando as tarifas como ferramenta para negociar acordos bilaterais com países estratégicos. O relatório estima que as tarifas aplicadas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses fiquem em torno de 40%, enquanto para Canadá e México o nível deve permanecer em 5%, e para os demais países, em 10%.

Apesar da melhora nas expectativas, os analistas alertam para riscos geopolíticos e incertezas comerciais que ainda pairam sobre o comércio internacional. A possibilidade de novos aumentos nos preços do petróleo, causados por tensões no Oriente Médio, preocupa economias dependentes de importação de energia, como a China e os países da área do euro.

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O BofA também menciona que um aumento inesperado nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano pode causar aperto nas condições financeiras globais, com potenciais efeitos em países emergentes.

Política monetária, PIB chinês e zona do euro

Nos Estados Unidos, o banco manteve a previsão de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não realizará cortes na taxa básica de juros neste ano. A projeção de crescimento para o país foi elevada em 10 pontos-base, chegando a 1,6% para 2025 e 2026, com expectativa de alta para 1,9% em 2027.

A equipe avalia que a economia americana seguirá em ritmo moderado, com o mercado de trabalho pressionado por incertezas relacionadas à imigração e ao comércio, mas sem tendência de deterioração acentuada. O núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) deve atingir um pico de 3,1% com o efeito das tarifas, o que reforça a visão de manutenção da taxa de juros no curto prazo.

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Na China, o BofA aumentou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 4,7% em 2025, ante 4% anteriormente, e para 4,3% em 2026, frente aos 4,2% previstos no relatório anterior. Os analistas apontam que os dados do quarto trimestre de 2024 e do primeiro trimestre de 2025 vieram acima das expectativas, impulsionando uma melhora nos fluxos comerciais e na confiança dos agentes econômicos. Ainda assim, o banco acredita que haverá menor estímulo fiscal e monetário, mesmo com a deflação persistente.

Na Europa, as projeções para a zona do euro foram mantidas em 0,9% para 2025 e 2026, com expectativa de aceleração para 1,4% em 2027, apoiada em medidas de estímulo fiscal na Alemanha. A taxa de juros básica do Banco Central Europeu (BCE) deve alcançar 1,5% até o final de 2025. No Japão, o crescimento estimado para 2025 subiu 20 pontos-base, para 0,4%, com base em uma retração menor nas exportações e nos investimentos. O Banco do Japão (BoJ) não deve alterar a taxa de juros neste ano.

Fonte: Info Money

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