A digitalização da cadeia de suprimentos e da gestão hospitalar é uma realidade crescente no setor da saúde, impulsionada pela necessidade de eficiência, previsibilidade financeira e sustentabilidade. No Brasil e na América Latina, esse movimento ganhou força no início dos anos 2000, e a Bionexo se consolidou como um dos protagonistas desse processo.
Fundada em 2000 por Maurício Barbosa, a partir de uma iniciativa incubada no Banco Santander, a empresa nasceu com a proposta de modernizar processos ainda dominados por rotinas manuais e pouco integradas. “Naquele momento, o setor ainda operava com forte dependência de processos manuais, pouco integrados e sujeitos a erros”, relembra Rodrigo Romero, vice-presidente de Crescimento da Bionexo.
Atualmente, a companhia conecta mais de 3 mil instituições a 37 mil fornecedores e ampliou sua atuação para o ciclo da receita hospitalar. “Criamos pontes de colaboração que transformaram a forma como o setor se relaciona e gera valor”, afirma Romero.
Resultados e impacto
Segundo dados divulgados pela própria empresa, apenas nos cinco primeiros meses de 2025 houve aumento de 47% nas vendas e de 54% no resultado operacional, em comparação ao ano anterior. No ciclo da receita hospitalar, o volume processado em contas médicas em 2024 chegou a R$ 10 bilhões, alta de 86%.
“Em um dos casos, a automação do faturamento permitiu processar mais de 26 mil contas em apenas um mês”, destaca Romero. O executivo acrescenta que, em determinadas instituições, a eficiência financeira obtida com as soluções digitais possibilitou inclusive a construção de novos leitos.
O impacto da digitalização varia conforme a maturidade tecnológica de cada hospital. Instituições de grande porte tendem a colher benefícios mais rapidamente, enquanto hospitais menores ainda enfrentam barreiras financeiras e estruturais para adotar sistemas avançados.
Aprendizados e barreiras
Romero reconhece que a trajetória da empresa envolveu desafios, especialmente nos primeiros anos. “O maior desafio foi cultural. Era preciso sensibilizar o setor para os ganhos de eficiência e transparência que a tecnologia poderia trazer e, de certa forma, evangelizar o mercado”, relembra.
Hoje, os obstáculos não se restringem à resistência inicial. Questões como interoperabilidade entre sistemas, regulação, escassez de profissionais qualificados e limitações orçamentárias seguem como barreiras importantes à transformação digital. “Atuamos nesses pontos desenvolvendo soluções que se conectam a diferentes sistemas e em iniciativas que reforçam governança, compliance e capacitação”, diz o executivo.
Inteligência artificial e próximos passos
A aposta atual da Bionexo está no uso intensivo de inteligência artificial e analytics para transformar dados em inteligência acionável. “Nosso foco é aplicar tecnologia de forma prática, para apoiar decisões estratégicas e ampliar eficiência sem perder a dimensão humana do setor”, ressalta Romero. Até o fim de 2025, a empresa pretende lançar 20 agentes de IA generativa.
Além disso, a companhia afirma buscar reforçar práticas sustentáveis e éticas na cadeia de suprimentos. “Promovemos transparência, rastreabilidade e governança nas relações comerciais, assegurando conformidade regulatória e boas práticas de mercado”, destaca.
Perspectivas para o futuro
Para Romero, o futuro digital da saúde será construído em colaboração. “Não desenvolvemos soluções de forma unilateral. Elas são cocriadas com hospitais, operadoras e fornecedores que compartilham desafios conosco. É essa lógica colaborativa que garante que nossas plataformas não sejam apenas ferramentas, mas espaços de conexão.”
Esse direcionamento ganha novo impulso com a chegada de Solange Plebani ao cargo de CEO. Segundo Romero, a prioridade será estreitar a relação com clientes e evoluir continuamente o portfólio. “Mais do que fornecer tecnologia, queremos ser parceiros estratégicos, entregando impacto real no dia a dia dos clientes”, conclui.