O Ministério das Relações Exteriores convocou o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos após a representação postar nas redes sociais mensagens que atacam o ministro do STF Alexandre de Moraes.
A embaixada estadunidense no Brasil traduziu o comentário do subsecretário de diplomacia Darren Beattie, ameaçando autoridades do Judiciário brasileiro e de outras esferas que apoiarem Alexandre de Moraes. Segundo o governo dos Estados Unidos, o ministro do STF seria responsável por perseguir o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores.
O secretário interino para Europa e América do Norte do Itamaraty, o embaixador Flavio Celio Goldman, recebeu o representante dos Estados Unidos para manifestar indignação do governo brasileiro com o tom e o conteúdo da postagem da embaixada e dos comentários recentes do Departamento de Estado do governo estadunidense, segundo a Agência Brasil.
Para o governo brasileiro, as manifestações dos órgãos de Estado do país norte-americano representam clara ingerência em assuntos internos e são ameaças inaceitáveis a autoridades brasileiras.
O ministro do STF Flávio Dino manifestou-se, nesta sexta-feira (8), sobre as declarações dos Estados Unidos. Dino afirmou que, de acordo com as regras de direito internacional, as embaixadas não têm atribuições de monitorar juízes e qualquer cidadão brasileiro.
Para o ministro, respeito à soberania nacional, moderação, bom senso e boa educação são requisitos fundamentais na diplomacia. Dino ainda ressaltou que espera que volte a imperar o diálogo e as relações amistosas entre as duas nações, historicamente parceiras.
Jair Bolsonaro está sendo julgado no STF por ser um dos responsáveis pela tentativa de golpe de Estado ocorrido após as eleições de 2022. O ex-presidente e seu filho, Eduardo Bolsonaro, também são investigados por obstrução de Justiça, após articularem retaliação dos Estados Unidos contra a Justiça e a economia brasileiras.
O país norte-americano aplicou sanções de 50% sobre produtos brasileiros, com o argumento de que o STF não deveria julgar Bolsonaro por seus crimes.
Nesta semana, Bolsonaro teve sua prisão domiciliar decretada após o descumprimento de medida cautelar que proibia o uso das redes sociais, inclusive por intermédio de terceiros. A defesa do ex-presidente nega as acusações de que Bolsonaro atuava por um golpe de Estado no Brasil.
Fonte: Agência Brasil