Alta nos fertilizantes espreme margens e pode atrasar recuperação

Uma alta nos preços dos fertilizantes, componente com maior peso no orçamento do agricultor, deve comprimir as margens dos produtores brasileiros na safra que começa a ser plantada em algumas regiões do País.

O custo com adubação deve aumentar cerca de 10% em relação à safra 2024/25, segundo uma estimativa do Rabobank divulgada no mês passado. Dados do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) divulgados nesta semana confirmam a expectativa: os gastos com fertilizantes dos sojicultores em Mato Grosso, onde o plantio já começou, estão 9,8% maiores, em média.

Essa alta reflete um aumento nos preços internacionais causado por restrições de oferta em determinados segmentos. É o caso dos fosfatados. A China, que por muitos anos ocupou a posição de maior exportadora desse tipo de nutriente, vem reduzindo os embarques drasticamente à medida que o ácido fosfórico, base para a produção dos fertilizantes fosfatados, tem sido mais demandado para a fabricação de baterias.

Continua depois da publicidade

Além da escassez do nutriente, pesa também sobre os preços dos fertilizantes no Brasil a desvalorização do real frente ao dólar. Na safra passada, os agricultores compraram os insumos com um real mais forte, diminuindo o impacto do câmbio nos custos dos insumos importados. Mas, ao venderem a safra, se aproveitaram de um real mais fraco, impulsionando a receita em moeda local.

Na atual planilha de custos, no entanto, o câmbio tem um peso negativo. Vale lembrar que o Brasil precisa importar cerca de 80% dos fertilizantes que consome.

“Assumindo que os preços atuais dos fertilizantes continuem, esperamos que as margens operacionais na safra 2025/26 caiam”, disse o analista do Rabobank, Bruno Fonseca, em outro relatório divulgado nesta quinta-feira.

Continua depois da publicidade

Para a produção de soja, a estimativa do banco é de que a margem operacional caia de 38% na safra passada, para 24% em 2025/26. Já para o milho, a redução deve ser de 26% para 21%. Os cálculos consideram apenas o custeio da safra, ou seja, não leva em conta os valores gastos com arrendamentos.

No caso dos arrendatários que precisam financiar 100% dos seus custos, as margens já estavam negativas na safra passada, que tinha um cenário mais favorável, segundo dados da Serasa Experian.

“Considerando essa perspectiva, os agricultores brasileiros só devem resolver os seus desequilíbrios financeiros em meados de 2027”, conclui o Rabobank.

Continua depois da publicidade

Conteúdo produzido por The AgriBiz.

Fonte: Info Money

Compartilhe este artigo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *