Allan Souza Lima leva ao cinema a distopia sertaneja “Poeta Bélico”

Não é a primeira vez que Allan comanda uma narrativa; seus curtas “Ópio” (2013), “Mais Uma História” (2014) e “O Que Teria Acontecido ou Não Naquela Calma e Misteriosa Tarde no Jardim Zoológico” (2016), com o qual venceu o prêmio de Melhor Ator de Curta-metragem no Festival de Gramado, já haviam sinalizado o olhar de cineasta. Mas agora o salto é maior. Em 2026, ele estreia com uma trama que não busca fórmulas fáceis: uma distopia nordestina onde dois opostos — um guerrilheiro e um poeta — atravessam um mundo arruinado entendendo se é possível resistir e o que sobra da vida e humanidade.

A estrutura, longe da jornada do herói, foi concebida como uma Via Crucis em 14 quadros. Allan diz que não é uma obra religiosa de nenhuma maneira, mas faz referência ao sofrimento cristão. Segundo o próprio, “não para catequizar, mas para escavar a sobrevivência em sua forma mais brutal, um território onde a máxima é simples: ou você mata, ou você morre”. A fagulha dessa ideia nasceu de uma frase tatuada no próprio corpo: “Ter um pensamento bélico da vida não tira o mérito de ser um grande poeta”.

“São duas maneiras de existir e resistir num mundo cada vez mais rachado, em que sobram certezas beligerantes e faltam espaços de escuta. O guerrilheiro e o poeta não são caricaturas, são dois modos de atravessar o caos. E eu quis colocar os dois para caminhar lado a lado, de certo modo, porque talvez seja nessa tensão que ainda reste alguma humanidade.”

Durante a pandemia, ele resgatou o argumento, chamou o roteirista Ulisses da Motta e encontrou ressonâncias simbólicas com seu terapeuta, um teólogo junguiano. Produzido pela Ikebana Filmes, sua parceria com Fernanda Etzberger, o longa será rodado na Paraíba, sobretudo em Cabaceiras, a “Roliúde Nordestina”, com Renato Góes e Alejandro Claveaux no elenco.

E se agora a plateia o aplaude no ritmo da dança e, em breve, o verá como cineasta no sertão pós-apocalíptico, o futuro também reserva o retorno a um personagem que já deixou sua marca: Ubaldo, na segunda temporada de “Cangaço Novo”, do Prime Video, prevista para chegar ao streaming em 2026.

Imagem: Divulgação

Fonte: UOL

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